A New Disabled South defende justiça e habilitação para pessoas com deficiência no sul dos Estados Unidos
Por Marianne Dhenin
Pessoas com deficiências (PCDs) enfrentam sérias dificuldades para participar do processo democrático nos Estados Unidos. A maior parte dos centros de votação em todo o país é inacessível e muitos estados limitam voto por e-mail ou baniram caixas para depósito de voto remoto. Mais de 11% das PCDs aptas a votar afirmaram ter encontrado obstáculos no último pleito geral.
Fundada em 2022, a New Disabled South (NDS), organização sem fins lucrativos que advoga por direitos e justiça para PCDs trabalha em 14 estados do sul dos Estados Unidos para eliminar essas barreiras. Com as eleições de 2024 à vista e a repressão eleitoral aumentando na região, a NDS vem operando em diversas frentes a fim de garantir o acesso eleitoral às PCDs, assegurando que suas vozes sejam ouvidas sobre temas importantes.
Embora a eleição de 2024 seja a primeira da organização, seus líderes têm longa experiência em política eleitoral e defesa dos direitos do eleitor. Dom Kelly, cofundador, presidente e CEO da NDS, trabalhou para organizações de defesa dos direitos do eleitor na Geórgia e como consultor-sênior da área de deficiência na campanha de Stacey Abrams ao governo em 2022. Ter visto eleitores com deficiência marginalizados e desprezados até por grupos progressistas o convenceu sobre a necessidade de uma organização voltada para os problemas desse grupo. Ele afirma que não basta que entidades trabalhem pelos direitos das PCDs sem a participação delas. “Sem ter a vivência, você é apenas um observador externo.”
Um dos principais objetivos da NDS é combater os esforços para desabilitar PCDs aptas a votar. As outras prioridades são melhorar os salários no sistema legal, combater a pobreza e garantir acesso aos serviços de saúde. Essas metas encaram problemas que afetam as PCDs de maneira desproporcional: elas são alvos mais frequentes de detenções, encarceramentos e violência policial que as pessoas sem deficiência. O número de PCDs na pobreza também é duas vezes maior que o dos outros. O problema é muito grave no sul, onde mais de 20% da população é de PCDs – a taxa mais alta da nação.
A NDS contratou dez funcionários no primeiro ano – todas PCDs com raízes no Sul. Em fevereiro de 2023, criou uma divisão sem fins lucrativos, a New Disabled South Rising (NDSR).
Entidades filantrópicas, como as fundações Ford e Robert Johnson Wood e a Borealis Philanthropy, foram fundamentais para o crescimento da NDS. O financiamento inicial da NDSR veio de um doador individual. Em novembro do ano passado, Open Society dotou a organização com verba para dois anos.
Os primeiros esforços da organização incluem uma parceria com a Data for Progress a fim de realizar uma pesquisa em seis estados sobre as percepções dos eleitores a respeito das PCDs e de suas experiências no sul do país. Os resultados servirão de base para um esforço de pesquisa qualitativa em vários outros estados. A NDSR foi também a responsável por fiscalizar a votação de um referendo em Atlanta, Geórgia, para decidir sobre a construção de um centro de treinamento de policiais (estimada em US$ 90 milhões).
De olho no próximo pleito, a NDS está colaborando com organizações não partidárias em prol do registro eleitoral, da educação e da afluência às urnas na região. Ela orientará essas entidades para que “enxerguem as PCDs mais de perto”, diz Lila Zucker, diretora organizacional da NDS.
A AUTORA
Marianne Dhenin é jornalista e historiadora premiada.
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