Diagnóstico médico por IA
A minoHealth AI Labs pretende agilizar o diagnóstico por imagem para acelerar tratamentos e melhorar indicadores de saúde na África
Por Valentine Benjamin
A escassez de médicos e especialistas aflige a maioria das nações africanas. A Etiópia, por exemplo, tem 0,2 médico a cada mil pessoas; em Uganda, a taxa é de 0,12, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A ONU se referiu a essa escassez como “evasão de cérebros médicos da África”, por meio da qual profissionais deixam seus países em busca de salários mais altos. Consequentemente, há déficit de tratamento em toda a África. A OMS prevê que o aumento das doenças não transmissíveis no continente irá prejudicar ainda mais a qualidade e o ritmo dos serviços de saúde já afetados negativamente pela falta de profissionais.
Uma experiência particularmente frustrante em um hospital na capital de Gana, Acra, em 2012, motivou o engenheiro de aprendizado de máquina Darlington Akogo a encontrar uma solução para os problemas resultantes dessa escassez. “Passei um dia inteiro esperando um especialista”, lembra ele. “Vi pessoas sangrando, com ferimentos graves, sem ser atendidas por falta de médicos. Foi horrível, mas também um insight para mim. Achei que deveria haver uma maneira melhor de prestar esses serviços, quem sabe aproveitando a tecnologia.”
Akogo encontrou seu nicho na radiologia, uma das muitas especialidades de que carecem os países africanos. Em Gana, por exemplo, existem apenas 93 radiologistas para uma população de 32 milhões de pessoas – 1 radiologista para cada 800 mil pacientes. Quatro anos depois, Akogo fundou em Acra a minoHealth AI Labs, com a intenção de “democratizar o diagnóstico” construindo ferramentas de inteligência artificial (IA) que agilizam os cuidados de saúde de qualidade a custos menores. Naquele ano, a minoHealth AI criou a primeira ferramenta de IA de Gana para análises precisas e rápidas de imagens médicas de 14 condições de radiografias de tórax. A ferramenta também fornece análises precisas de mamografias, tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas.
Usando a plataforma minoHealth AI, os médicos podem fazer upload das imagens médicas e obter resultados em menos de um minuto. Novos usuários da plataforma recebem dez laudos gratuitos e, depois, pagam uma taxa fixa de US$ 2 por varredura de IA. Entre os financiadores da minoHealth estão a Fundação Bill & Melinda Gates, a Meta, a OpenAI, a Nvidia e o Lacuna Fund. Em maio de 2022, a empresa direcionou a maior parte desses recursos para o desenvolvimento de um modelo de linguagem de grande dimensão (LLM) – a IA generativa – que expandiu a acessibilidade da ferramenta a texto e áudio, além de imagens. Os usuários da plataforma agora podem fazer perguntas médicas ao sistema de IA.
Atualmente, a minoHealth AI está estabelecendo sua operação nos Estados Unidos. No fim de 2023, Akogo assinou um acordo de parceria com uma organização americana (cujo nome ainda não pode ser divulgado por razões legais). Nos próximos cinco anos, a minoHealth AI Labs quer construir ferramentas de IA para oferecer, além de diagnóstico, prescrições, terapias e tratamentos. “O objetivo é concluir mais de 1 bilhão de análises, tornando o diagnóstico por imagem mais barato e acessível”, diz Akogo. “Queremos que nosso sistema de IA ajude pessoas na África, nos Estados Unidos, na Ásia e na América do Sul.”
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