Os próximos dez anos do investimento de impacto
Para se ter uma ideia do caminho que o investimento de impacto pode seguir nos próximos dez anos, os autores avaliam sua situação em três áreas que desempenham um papel substancial em suas metas e práticas.
Por Yasemin Saltuk Lamy, Christina Leijonhufvud e Nick O’Donoho
Há pouco mais de dez anos, uma previsão feita pelo JPMorgan, pela Fundação Rockefeller e pelo Global Impact Investing Network (GIIN) soou como profecia ambiciosa tanto para nós, autores deste artigo, quanto para os leitores. Segundo um relatório publicado em 2010, o investimento de impacto, então uma classe de ativos emergentes, atingiria em 2020 entre US$ 400 bilhões e US$ 1 trilhão em ativos sob gestão.
Nossas dúvidas mostraram-se equivocadas. Em 2020, o mercado chegou a praticamente US$ 715 bilhões em ativos sob gestão, segundo o GIIN. A International Finance Corporation (IFC) estima um valor ainda maior: US$ 2,1 trilhões. Com um crescimento tão impressionante ao longo da última década, nos perguntamos quanto o investimento de impacto pode avançar entre 2020 e 2030.
Em busca de uma resposta, é preciso observar algumas tendências importantes. Está claro que a crise climática, a desigualdade econômica e de gênero, a injustiça racial e outras crises — principais alvos das soluções apoiadas por investimentos de impacto — já vinham representando grandes desafios para governos em todo o mundo em 2020. Sabemos também que, anualmente, há uma lacuna de US$ 2,5 trilhões nos fundos necessários para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. E todos temos consciência de que a Covid-19 devastou e complicou a vida da população mundial. Além disso, com os governos alocando recursos e contraindo novas dívidas para enfrentar os desafios impostos pela pandemia, incluindo a piora da desigualdade, é ainda mais difícil atingir os ODS.
O capital privado de investimento de impacto não vai ser apenas fundamental para financiar os ODS, mas também desempenhará uma função importante na busca de soluções para problemas vistos, em geral, como domínio do setor público, na medida em que esse setor é desafiado por crises novas e sem precedentes. Diante de tais pressões, quais oportunidades e inovações no investimento de impacto poderemos testemunhar ao longo da próxima década? Para ter uma ideia do rumo que as coisas podem tomar, observamos onde elas estavam em três áreas que acreditamos desempenhar um papel substancial nas metas e práticas do investimento de impacto: equidade e inclusão, clima e ferramentas financeiras e analíticas.
1.Diversidade, equidade e inclusão (DEI)
Historicamente, não se esperava que o setor privado fizesse (ou estivesse disposto a fazer) muito para combater a desigualdade, principalmente no capitalismo de livre mercado de Milton Friedman das últimas décadas. Atualmente, à medida que a doutrina de Friedman é derrubada e as empresas passam a assumir cada vez mais suas responsabilidades junto aos stakeholders (em vez de apenas mirando acionistas), investidores têm uma oportunidade maior de melhorar a igualdade do acesso de todas as pessoas a capital, bens ou serviços acessíveis e de alta qualidade. A seguir, algumas formas de como aproveitaram esse momento e quais os caminhos adiante.
| Apoiando empreendedores de olho na diversidade: movimentos sociais como Black Lives Matter e #MeToo ecoaram muito além dos protestos nas ruas em 2020, incentivando investidores e empresas a enfrentar as desigualdades raciais e de gênero, em especial em relação ao acesso ao capital e a oportunidades econômicas. Nos Estados Unidos, tanto o Citigroup quanto o Bank of America se comprometeram a investir US$ 1 bilhão na luta contra a desigualdade econômica racial. O Softbank criou um fundo com US$ 100 milhões para empreendedores de minorias étnicas. O PayPal está disponibilizando US$ 530 milhões para apoiar empresas e comunidades negras ou de minorias. O Twitter declarou que estava alocando US$ 100 milhões para o Finance Justice Fund, cujo intuito é levantar U$ 1 bilhão em capital junto a parceiros corporativos e filantrópicos em prol das pessoas e comunidades mais carentes dos Estados Unidos. Essas iniciativas recentes baseiam-se em uma tendência que vem crescendo ao longo dos últimos anos. Em 2019, private equity, venture capital e private debt somavam US$ 4,8 bilhões em investimentos voltados para o benefício de mulheres, um aumento de US$ 1,1 bilhão em comparação a 2017.
Tradicionalmente, grande parte do financiamento voltado para mulheres e minorias proprietárias de imóveis ou empresas nos Estados Unidos vem de instituições financeiras de desenvolvimento comunitário – Community Development Financial Institutions (CDFIs), entidades privadas cuja principal missão é ajudar comunidades tradicionalmente mal atendidas pelo sistema bancário e de investimento. Por sua vez, as CDFIs foram, por muitos anos, amplamente financiadas pelo capital de entidades reguladoras disponível graças à lei de investimento comunitário (Community Reinvestment Act) de 1977. Atualmente, investidores de impacto tão diversos quanto Fundação Kellog, JPMorgan Chase e Prudential Financial estão colocando dinheiro em CDFIs para promover a equidade racial. Empresas como Google, Netflix, PayPal e Starbucks estão fazendo depósitos em CDFIs, e muitas estão pedindo que isso se transforme em investimento em ações. A filantropa Mackenzie Scott concedeu financiamento irrestrito – que sempre foi escasso – a mais de trinta CDFIs, permitindo que melhorem seus balanços patrimoniais. Ademais, um número cada vez maior de CDFIs tem acessado os mercados de capital com a emissão de títulos classificados.
Outro fato que impulsiona essa tendência é o business case. Segundo a McKinsey, empresas no quartil superior quanto à diversidade de gênero eram 25% mais propensas a ter um lucro acima da média do que aquelas no quarto quartil. A melhora é ainda mais aparente para empresas que demonstram os mesmos níveis elevados de quartil quanto à diversidade étnica — 36% mais propensas a ter lucro acima da média do que as que fazem apenas o mínimo para diversificar seu quadro de funcionários. À medida que empresas mais sólidas tomam a dianteira do mercado, solidificando cada vez mais a relação entre DEI e um negócio robusto, essa diferenciação nas receitas se mostra mais evidente. Investidores que ignoram essa tendência não só correm o risco de ganhar menos dinheiro, como também perdem a chance de obter mais capital para mulheres, grupos indígenas e comunidades de minorias étnicas.
| Desenvolvendo tecnologias para alcançar pessoas fora das cidades: há décadas, os centros metropolitanos atraem o grosso da atividade econômica. Em abril de 2020, segundo o Banco Mundial, 80% do Produto Interno Bruto (PIB) global saía das cidades. Com a atenção voltada para as áreas urbanas, pessoas que vivem em comunidades periurbanas e rurais foram deixadas de lado, ficando constantemente sem acesso confiável a produtos acessíveis de alta qualidade, apesar de uma década de investimentos.
No entanto, algumas tecnologias têm surgido e podem ajudar a resolver esse problema. Ao mesmo tempo, com a pandemia da Covid-19, o trabalho remoto passou a ser uma prioridade, e não um benefício, aumentando as oportunidades de trabalho para pessoas conectadas à internet em todo o mundo.
Na Índia, por exemplo, a Loadshare reúne pequenas empresas locais de logística para criar uma rede de entrega que chegue até áreas remotas. A empresa conta com cerca de seis mil funcionários e fornecedores em sua rede e ao longo dos últimos quatro anos ampliou sua atuação para 18 estados no país e inaugurou 500 filiais. A iMerit, fundada em 2012, coleta e organiza dados para empresas internacionais, contando com quase três mil empregados, sendo 80% de regiões carentes na Índia, Butão, Estados Unidos e países da Europa. Mais da metade do seu quadro de funcionários é composta por mulheres, que, em alguns lugares, têm acesso limitado a empregos fora de casa devido a fatores culturais.
A Workex (investimento do CDC Group) fornece mão de obra administrativa para empresas que estão adotando trabalho remoto, uma tendência acelerada pela pandemia. Uma grande parte dos dez milhões de trabalhadores da plataforma tem origem operária. Algumas empresas, como a Workex, oferecem ferramentas de trabalho remoto para formar parcerias com funcionários da África e da Ásia meridional há muitos anos, mas ainda há muito espaço para a expansão desse setor. Isso continua valendo porque a “uberização” das entregas vai do centro de distribuição ao local da entrega e faz com que se possa chegar até um maior número de clientes. Contudo, como as regulamentações sofrem para acompanhar as tecnologias, algumas dessas plataformas de trabalho autônomo trazem consigo riscos significativos, como a exploração da mão de obra e dos dados das pessoas que as utilizam. Investidores de impacto precisam identificar aquelas que protegem e dão apoio a seus trabalhadores, como é o caso da Steady.
| Agregando demanda para compradores menores: a acessibilidade e o alcance geográfico de muitos produtos e serviços básicos têm sido, há muito tempo, assuntos prementes para investidores de impacto, mas a crise provocada pela Covid-19 trouxe à luz um desafio contíguo: volume.
Alguns países africanos de baixa e média renda, por exemplo, tiveram dificuldades para comprar suprimentos, uma vez que um volume elevado de compras — que os países do G7 podiam realizar mais facilmente — tornou-se precondição para o sucesso de um pedido. Ao mesmo tempo, a venda de suprimentos ficou mais complicada para determinados países. Na Índia, principal fornecedora de medicamentos genéricos do mundo, o governo impôs restrições à exportação de remédios. Por conseguinte, cadeias de suprimento internacionais, em geral uma fonte rentável economicamente, tornaram-se pontos de vulnerabilidade, aumentando a conscientização sobre a importância da produção local.
A ajuda para agregar a demanda veio da Africa Medical Supplies Platform, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), de investidores de impacto como a MedAccess (de propriedade do CDC Group) e da fundação de Bill e Melinda Gates, que recentemente publicou um estudo mostrando que dez dos países mais ricos do mundo lucrariam, no período de um ano, ao menos U$ 153 milhões garantindo uma distribuição mais igualitária de vacina contra a Covid-19. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que economias mais avançadas enfrentam perdas na sua produção que chegam a até U$ 2,4 trilhões — 3,5% de seu PIB anual antes da pandemia —, em virtude das interrupções dos negócios internacionais e das cadeias de suprimento. Apesar da inter-relação da economia internacional, o nacionalismo, até o momento, prevaleceu: a criação da Covax para assegurar uma distribuição equitativa de vacinas tem dificuldade para conquistar o apoio dos países ricos, enfrentando um déficit de U$ 27 bilhões em financiamento (quando da produção deste texto).
É esse tipo de lacuna no financiamento que o investimento de impacto pode preencher com o uso de instrumentos inovadores como garantias, compromissos de mercados mais desenvolvidos e acessos internacionais. Por exemplo, a Adjunt Fund, financiada pela Fundação Gates, que financia o desenvolvimento de tratamentos para doenças negligenciadas e ajuda a combater doenças infantis e maternas, está usando um compromisso de acesso global para garantir que esses benefícios cheguem às populações vulneráveis. Embora haja uma oportunidade para que os investidores de impacto desempenhem um papel no apoio ao acesso igualitário por meio desse tipo de parceria, o sucesso da empreitada dependerá do trabalho conjunto do capital estatal e filantrópico com o capital privado.
2.Clima
Grande parte do investimento de impacto ao longo da última década se concentrou em minimizar o aumento das temperaturas pelo mundo, ou “mitigar” a mudança climática. Em 2017 e 2018, projetos de mitigação representaram 93% do financiamento total concedido para a questão do clima. As oportunidades trazidas pela energia renovável eram, frequentemente, o objeto desses recursos — durante esse mesmo período, representaram 58% do financiamento climático. Atualmente, investidores podem encontrar uma lista crescente de opções para apoiar comunidades que enfrentam problemas relacionados à mudança climática e para conseguir zerar as emissões líquidas de carbono. Os investimentos podem ser caracterizados de duas maneiras: aqueles voltados para adaptar e aumentar a resiliência às mudanças climáticas e aqueles que visam o sequestro do carbono.
| Adaptação e resiliência: mais empresas estão oferecendo produtos e serviços para viabilizar cidades inteligentes e economias circulares que abordem a questão climática por meio da adaptação e da resiliência. Por exemplo, a empresa de gestão de águas residuais Roserve, da Índia, oferece soluções tecnológicas e de financiamento para o uso sustentável da água em setores que variam desde curtume a papel e aço. A empresa está expandindo para a África, onde fornecedores de tratamento e reciclagem de água residual praticamente inexistem.
Enquanto a Roserve gera receita para bens e serviços voltados para a resiliência climática, outras empresas também estão adaptando suas operações para reduzir sua potencial exposição aos dispendiosos riscos da mudança climática, criando outros benefícios nesse processo. A Zephyr Power, que trabalha com energia renovável, está desenvolvendo uma usina de energia eólica de 50 MW no litoral do Paquistão, sob ameaça do aumento dos níveis do mar. Para enfrentar os riscos de inundação, a Zephyr investiu em um programa para proteger e recuperar os manguezais da região, uma barreira natural contra o mar. A área recuperada vai atrair outros peixes e outros animais que dependem dos manguezais — melhorando, no processo, a subsistência dos pescadores — e reduzir o custo de manutenção da infraestrutura da região ao tornar o solo mais estável.
Há uma lacuna evidente entre a necessidade de investimento em face da mudança climática e o financiamento disponível. Estimativas da Organização das Nações Unidas mostram que de um investimento de U$ 300 bilhões por ano necessários para esse enfrentamento, somente U$ 30 bilhões estão disponíveis. Esperamos que este montante cresça significativamente ao longo dos próximos dez anos, à medida que a necessidade de ações voltadas para as mudanças climáticas se intensifica.
| Sequestro de carbono: investidores institucionais estão migrando seu portfólio para empresas que, até 2050, zerem a emissão de gases de efeito estufa. No momento em que as missões de grupos como o Net-Zero Asset Owner Alliance forem mais adotadas, oportunidades para retirada de gás carbônico da atmosfera para transformá-lo em oxigênio se tornarão mais atraentes. A silvicultura se destaca nesta questão, uma vez que tem poder para reduzir — em vez de apenas evitar — as emissões de carbono, ainda que deva complementar e não substituir a redução dessas emissões. Além disso, o setor apoia, ainda, a subsistência de 1,3 bilhão de pessoas em todo o mundo. Investidores estão respondendo a esse clamor: segundo os Principles for Responsible Investment (PRI), o total de investimento institucional mundial em silvicultura chegou a U$ 100 bilhões — no início de 2000, o valor girava entre U$ 10 bilhões e U$ 15 bilhões.
Um exemplo pode ser visto no Quênia, onde a Komaza está enfrentando o desafio do desmatamento por meio do que batizou de “microflorestamento”. Com essa abordagem, a empresa ajuda dezenas de milhares de pequenos agricultores a plantar árvores em terras outrora improdutivas e a vender madeira de lei em mercados comerciais, gerando, além dos benefícios ambientais, uma receita de longo prazo. Os oceanos também podem capturar o carbono em grande escala, com os ecossistemas costeiros sendo capazes de isolar até 20 vezes mais do que as florestas.
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP26), focada na melhoria do mercado internacional para crédito de carbono, buscou ajudar a monetizar o impacto ambiental do isolamento de carbono. Esperamos que tenha sido a primeira de muitas atitudes a serem tomadas ao longo dos próximos anos para fomentar os modelos corretos de receita e obter o envolvimento genuíno da comunidade que será fundamental para a transformação de florestas, áreas costeiras e oceanos em um novo panorama para os negócios de impacto.
3.Ferramentas
Padrões aprimorados de avaliação e gestão de impacto ajudaram a aperfeiçoar o papel do investimento de impacto ao longo da última década, algo comprovado pelo fato de cada vez mais gestores de ativos tradicionais incorporarem a prática a seus produtos. A atenção cada vez maior também trouxe consigo uma alta dose de ceticismo acerca da “perfumaria de impacto”, ou a atribuição de impacto a investimentos quando isso não é justificável. Para que o investimento de impacto cresça nos próximos dez anos, precisamos de mais veículos de investimentos de empresas de capital aberto e mais melhorias na avaliação e nos padrões para acalmar os temores dos investidores quanto à integridade do setor.
| Instrumentos inovadores dos mercados de capital: quando o investimento de impacto surgiu, seus financiamentos eram dominados por private debt e private equity. Em 2011, por exemplo, menos de 1% do número de investimentos de impacto relatado — e menos de 1% do total de capital investido — foi para instrumentos de capital aberto, segundo uma pesquisa do JPMorgan e do GIIN. Em 2020, a mesma pesquisa mostrou que as dívidas de capital aberto compreendem 24% do capital de impacto investido, ao passo que patrimônio público representa outros 10%.
Nós prevemos uma expansão contínua nos investimentos líquidos em títulos ou em ações de empresas de capital aberto voltadas para o impacto ao longo da próxima década. Por um lado, sua simplicidade e rapidez são necessárias para investimentos que buscam uma alocação dinâmica de seu capital. Além disso, há inúmeros investidores institucionais gerindo bilhões de dólares de capital que precisam de investimentos individuais que correspondam ao seu tamanho. Com um tíquete médio de investimentos de impacto de US$ 3 milhões em 2020, esses investidores têm suas participações limitadas.
Existem algumas inovações promissoras nas ferramentas de mercados de capital que buscam servir às necessidades de liquidez dos investidores institucionais. Anúncios recentes vindos da Alemanha e da Inglaterra acerca de novas publicações ajudaram a fazer com que o mercado de títulos verde chegasse a U$ 1 trilhão. Títulos novos ligados a conquistas sociais — como a oferta de U$ 1 bilhão da Ford Foundation — estão começando a alavancar a demanda crescente dos investidores por impacto em valores mobiliários registrados na bolsa de valores. Obrigações de dívidas colateralizadas, a securitização de riscos de desenvolvimento financeiro e sociedades de aquisição com propósito específico (SPACS) podem ser estruturadas para financiar ODS, além de serem mais adequados à escala de investidores institucionais.
De forma crescente, esses produtos também vinculam os resultados à elaboração financeira das ferramentas. Esperamos ver mais estruturas com incentivos de impacto, tais como empréstimos e títulos que adaptam suas condições de acordo com o quanto contribuem para que metas de sustentabilidade sejam alcançadas. A simplicidade e a responsabilidade da elaboração dessas estruturas, somadas à capacidade de cumprir objetivos de impacto e corresponder às expectativas, atrairão mais investidores nos próximos anos.
| Transparência e responsabilidade: a combinação de melhores padrões e de um aumento nas avaliações está levando a uma nova era de responsabilização para investidores que reivindicam o uso do rótulo “impacto”. Estruturas e ferramentas como IRIS+, ODS e o Impact Management Project (IMP) ajudaram a desenvolver um consenso internacional sobre como classificar, caracterizar e medir impacto. No entanto, a avaliação do impacto segue fragmentada e esforços estão sendo feitos para alinhar sustentabilidade de ponta e relatórios integrados de empresas, junto com iniciativas para harmonizar os padrões internacionais dos relatórios de sustentabilidade. Esses passos baseiam-se nas ações tomadas pela Task Force for Climate-related Financial Disclosures (TCFD) – Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima – para estabelecer padrões de relatórios sobre questões relacionadas ao clima.
À medida que empresas e gestores de ativos começam a alinhar as melhores práticas com padrões de desempenho, uma checagem independente também deve começar a se tornar comum. O Operating Principles for Impact Management (OPIM), lançado em 2019 e adotado por mais de cem investidores signatários, já exige, explicitamente, tal checagem. O PRI está, cada vez mais, incentivando a garantia externa dos dados divulgados por signatários e o emergente SDG Impact Standards – Normas de Impacto dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – também inclui uma estrutura para a garantia de uma instituição terceirizada. Em 2020, a Tideline lançou a BlueMark, para checar o impacto das práticas e dos desempenhos dos investidores, e as quatro principais empresas de contabilidade dos Estados Unidos também apresentaram serviços de sustentabilidade e de garantia de impacto.
Conforme padrões, transparência e garantia externa se espalham e se fortalecem, prevemos um aumento na eficácia da gestão de impacto. Juntos, isso deve produzir mais evidência acerca dos tipos de investimentos mais eficazes para lidar com os desafios de inclusão global e sustentabilidade.
| Riscos Familiares, Recompensas Essenciais
Essas tendências mostram enormes oportunidades para o investimento de impacto ao longo da próxima década, mas encontrar sucesso dentro do setor continuará sendo desafiador. Gerar retornos financeiros junto com progressos em questões sociais e ambientais sempre foi complicado, e investidores de impacto passarão a ser ainda mais responsabilizados devido ao crescente rigor e à abrangência das ferramentas de verificação. O risco vale a recompensa. O potencial para progresso em inclusão e sustentabilidade ao longo da próxima década é imenso. Assim como as previsões ambiciosas feitas em 2010 se confirmaram, esperamos olhar para a atual situação daqui a dez anos e descobrir que o investimento de impacto obteve, uma vez mais, avanços substanciais.
OS AUTORES