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A urgência de investir nos ecossistemas locais de informação

Só podemos acabar com os impactos desastrosos das fake news garantindo a existência e apoiando o desenvolvimento de iniciativas locais que contribuam para reduzir os desertos de notícia. Munir os cidadãos de informação para que possam participar da vida pública a partir do território onde residem é a única forma de proteger a democracia.

Por Izabela Moi e Nina Weingrill

Fotomontagem: Mauricio Planel

Nas últimas eleições municipais no Brasil, em 2020, em meio à pandemia, duas organizações, Agência Mural1 e Énois2, que defendem e praticam o jornalismo local, fizeram parceria para que os eleitores chegassem às urnas mais bem informados. Sediadas em São Paulo, decidiram contratar, na última semana antes do primeiro turno, um carro de som3 para percorrer sete regiões da cidade para veicular – assim como os já conhecidos “carros do ovo”, que anunciam por megafone o produto à venda – cinco episódios do podcast “Em Quarentena”. Produzidos pela Mural, os áudios eram dedicados a explicar o processo eleitoral para seus ouvintes: moradores e moradoras das periferias.

Foram 35 horas de programa abordando desde as diferenças entre vereadores/as e prefeitos/as até o conteúdo do plano de metas que dizia respeito às periferias – que a população tinha direito de reivindicar e cobrar de seus representantes, uma vez eleitos. Era urgente esclarecer as confusões disseminadas em grande volume, sobretudo pelo WhatsApp. Pensar em formas de fazer a mensagem chegar ao público-alvo também, e exigia um outro jeito de produzir e distribuir informação.

Essa é apenas uma das experiências que trazem cada uma de nós até aqui. Há mais de uma década à frente dessas duas organizações, conhecemos de perto o trabalho das iniciativas de jornalismo local em São Paulo, a maior metrópole da América Latina, e dele fazemos parte. Sabemos do impacto positivo dessa atuação e temos acompanhado – e participado – as discussões em torno de seus desafios atuais: continuar em busca da sustentabilidade financeira, cuidar de entender e alcançar a audiência, produzir informação relevante para o cotidiano dessas populações.

No entanto, acreditamos que é preciso dar um passo à frente nessa conversa. E rápido.

 

O Potencial Explosivo da Desinformação

Em pouco mais de 12 meses, estaremos enfrentando o mesmo problema que nos levou à nossa parceria e ao carro de som. Em outubro de 2024, vamos eleger (ou reeleger) exatos 5.570 prefeitos e prefeitas e mais de 50 mil representantes nas câmaras municipais no país. Quem observou as consequências das últimas avalanches de desinformação que circularam recentemente (no Brasil e no mundo) sabe que campanhas eleitorais são, mas não deveriam ser, um viveiro delas.

Um estudo recente4 publicado pelo Instituto Igarapé, que analisou publicações nas principais redes sociais durante a última eleição presidencial no país, em 2022, detectou quatro narrativas políticas abrangentes que incluíam esforços para: 1) reduzir a confiança no sistema eleitoral; 2) atacar as instituições democráticas; 3) difamar e diminuir a influência de adversários políticos; e 4) influenciar os principais apoiadores a agir. Conteúdos que buscavam minar a confiança no sistema eleitoral representaram mais de 32% dessas narrativas.

Soma-se a isso um cenário de desigualdade de informação. No Brasil, segundo o mais recente Atlas da Notícia (2022), cerca de 50% dos municípios são considerados desertos de notícias – não têm ao menos uma organização jornalística local. “Nessa condição estão 2.968 cidades e nelas vivem 29,3 milhões de pessoas”, diz o texto do lançamento da próxima edição5, que está em fase de coleta de dados.

Já os quase desertos, lugares que contam com apenas um ou dois veículos de comunicação, somam 1.460 municípios (25% do total), onde vivem mais 31,8 milhões de brasileiros. Se fizermos a conta, temos um potencial explosivo de desinformação em 4.428 cidades, que corresponde a 79% das cidades do país.

 

Informação e Democracia

 

Pesquisas comprovam7 que a ausência de um ecossistema de informação local contribui para a manutenção de currais eleitorais, para a falta de visibilidade e combate à corrupção do poder público e diminui o acesso a direitos básicos, além de desincentivar a participação do cidadão nas instâncias da política próximas de seu cotidiano, em que realmente pode ter alguma influência. Um estudo recente do Reuters Institute8 confirmou que as audiências têm cada vez mais mostrado uma falta de confiança em meios que não mantêm essa conexão próxima e direta com elas.

Enquanto isso, uma cobertura local de qualidade cria e sustenta o sentimento de pertencimento a uma comunidade e abre espaços para a ação e a participação cidadã.

Em casos de grandes desastres ou emergências, como foi a pandemia de Covid-19, é esse ecossistema local que mantém a população informada e menos exposta a riscos. No início da pandemia no Brasil, por exemplo, ainda que orientações de cuidados com a saúde fossem transmitidas diariamente pela TV aberta, havia necessidades que o jornalismo nacional ou mesmo regional não davam conta de cobrir. No Complexo do Alemão, bairro que abriga 13 favelas e mais de 55 mil pessoas, na zona norte do Rio de Janeiro, moradores e organizações9 do território se uniram para instalar faixas que orientavam a população sobre como se prevenir no caso de não haver água encanada em casa para lavar as mãos.

Para o jornalista Jamelle Bouie10, colunista político do New York Times, é aí que existe um ponto cego. Olhamos para o combate à desinformação como principal solução para a construção da democracia e deixamos de lado o debate mais importante. Em “Disinformation is not the real problem of democracy11” (“A desinformação não é o verdadeiro problema da democracia”), texto publicado em sua newsletter semanal, Bouie argumenta que precisamos criar um “ambiente informacional” que dê regularidade para a produção e o acesso à informação local de qualidade, pois é ela que nos ajuda a construir um senso de comunidade. E é também nisso que acreditamos. Mas como pagar as contas?

 

Reduzir Danos e Garantir Acesso

 

O debate em torno da sobrevivência do jornalismo local, e também do jornalismo em geral, parece ter sido capturado pela ideia de que a regulação das plataformas é a bala de prata possível, além de necessária, para conter a desinformação e seu impacto sobre as sociedades democráticas e levantar fundos para a indústria que vive a crise final de seu modelo de negócios, decadente há mais de uma década. Será?

A Unesco, em uma conferência global organizada no final de fevereiro deste ano e que contou com a participação de vários setores da sociedade, como imprensa, ONGs, governos, influencers (anunciados ao microfone quase como um setor à parte) e setor privado, chegou a uma proposta de 28 páginas12 com orientações para fomentar a discussão sobre a regulação das plataformas e tentar, de um lado, reduzir os danos da produção e circulação de desinformação e, de outro, garantir o acesso à informação (e a sobrevivência do jornalismo).

Nessa conferência, a jornalista filipina Maria Ressa, Prêmio Nobel da Paz de 2021, que fez a fala de abertura, defendeu que a falta de regulação não apenas fez sucumbir o modelo de negócios do jornalismo, mas também contribuiu muito para a falta de confiança no trabalho da imprensa.

No Brasil, nessa mesma esteira, a discussão sobre um provável primeiro ensaio de política pública de regulação das plataformas foi impulsionada pelo debate em torno do chamado PL das Fake News (2.630/2020, da Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet). A Ajor13, associação de mais de cem organizações jornalísticas digitais, fundada em 2021, marcou posição, indicando alguns riscos, principalmente os ligados ao artigo 38 – de concentração dos recursos nas mãos das grandes organizações e falta de transparência nos processos de distribuição.

“Ao propor o referido artigo, o Legislativo brasileiro reconhece o jornalismo como bem de interesse público e aponta um caminho para seu financiamento. Mas delegar ao Executivo, ‘na forma da regulamentação’, o detalhamento de um mecanismo poderoso como esse, capaz de alterar profundamente o ecossistema jornalístico nacional, beira a irresponsabilidade. Se o jornalismo é bem público, seu financiamento deve ser política de Estado, não canetada do governo de turno”, diz a Ajor em seu próprio site, em artigo publicado em março de 2022.14

Em meados de maio, o Comitê Gestor da Internet no Brasil, organização da qual participam vários setores da sociedade, lançou um relatório que avalia o PL das Fake News a partir do ponto de vista da remuneração do jornalismo e conclui: “Essa desigualdade informacional sempre existiu, e, em países com níveis de desigualdade crônica, como o Brasil, sempre foi um desafio fundamental. No entanto, o aumento do poder das plataformas digitais e as mudanças no papel que exercem de organização e distribuição de conteúdo, associados ao aprofundamento da crise do jornalismo, podem levar a um abismo cada vez mais profundo entre quem tem e quem não tem acesso à informação de qualidade, confiável e plural”.

A lei australiana tem sido usada como base para pautar a conversa por aqui. O país aprovou, em 2021, um código abrangente com o objetivo de transferir recursos das empresas de tecnologia para financiar o trabalho de jornalistas. Segundo a Columbia Journalism Review15 (leia em português aqui16), a legislação não deu conta de cuidar da falta de transparência dos acordos, protegidos por cláusulas de confidencialidade, e deixou para as plataformas o direito de escolher os valores e com quem negociar.

Mas a drenagem de recursos do jornalismo para a máquina gigante de publicidade que são as plataformas não é a única, apesar de talvez a maior, causa da instabilidade e do enfraquecimento financeiro do modelo de negócios desse ecossistema, principalmente o local.

 

Concentração de Recursos em Torno de Poucos

 

As novas fontes de recursos, vindas da filantropia de fundos privados e da doação das pessoas também tendem a se concentrar – inclusive regionalmente. Em 2022, por exemplo, cerca de US$ 2 milhões vindos da filantropia internacional para o jornalismo foram destinados para oito iniciativas no Rio de Janeiro e em São Paulo, de acordo com o mapeamento do site Media Funders17.

Richard Tofel, cofundador da agência de notícias norte-americana sem fins lucrativos ProPublica, escreve em uma de suas newsletters semanais18 sobre um novo risco nesse modelo, o da criação e consequente concentração de recursos em organizações intermediárias e associações da indústria. Mais eficiência no monitoramento e avaliação, mas menos recursos e menos organizações contempladas diretamente para a produção de informação. Uma tendência mundial.

Estudo19 publicado no ISOJ confirma que “as ideologias daltônicas” da filantropia e do jornalismo são uma barreira para que organizações de jornalismo de comunidades estruturalmente marginalizadas recebam financiamento e recursos. “Em 2020, a Iniciativa Filantrópica para a Equidade Racial descobriu que, dos US$ 11,9 bilhões para empresas e fundações comprometidas com o trabalho de justiça racial entre 2015 e 2020 (durante o auge do movimento Black Lives Matter), apenas US$ 3,4 bilhões foram concedidos a comunidades de cor e menos ainda – meros US$ 1,2 bilhão – foi especificamente destinado a projetos de justiça racial”, escreveram os autores.

Numa campanha de muito sucesso recentemente concluída nos EUA,20 onde a doação individual é dobrada pela de um fundo, o NewsMatch,21 do total das 303 organizações que participaram, as 50 maiores redações (16% do total) acumularam 63% dos recursos.

Ou seja, independentemente das soluções debatidas e vislumbradas até agora, o que se observa ainda é uma concentração de recursos em torno de poucos, e em sua maior parte com atuação e relevância nacionais ou regionais, excluindo iniciativas locais, e portanto sua sobrevivência, da conversa.

 

A Informação como Bem Público

 

Em 2022, um trabalho produzido por diversos autores, entre os quais Julie Posetti, vice-presidente de pesquisa do ICFJ, e Anya Schiffrin, diretora de tecnologia, mídia e comunicações da Escola de Assuntos Internacionais e Públicos da Universidade de Columbia, apresentou 22 recomendações22 para que governos elaborem políticas públicas que ajudem a estabelecer um ambiente favorável à sustentabilidade da mídia e o acesso à informação, que inclui não apenas o desenho de políticas de financiamento, mas também regulações e outras estruturas que amplificam as possibilidades de se criarem outras fontes de recursos, vindas do setor privado, da filantropia e dos cidadãos.

Iniciativas de políticas públicas que têm em seu “espírito” o reconhecimento de que estamos precisando cuidar não só do jornalismo, mas também de um bem público – a informação –, não apareceram necessariamente como impacto do relatório acima, mas começam a ser experimentadas.

Nos Estados Unidos, um estudo da Nieman Foundation, da Harvard University23, apresentou, em fevereiro, oito projetos de investimento público para fomentar iniciativas locais de informação nos municípios, distritos e estados nos Estados Unidos.

É o caso da Lei de Informação Cívica de New Jersey24. Aprovada em 2018, foi a primeira lei estadual a criar uma política de fomento à informação local. Foram quatro anos de debates com organizações sociais do campo para criar um consórcio que hoje administra um fundo de US$ 3 milhões para investir não só em jornalismo, mas também em iniciativas que engajam o cidadão, por meio da informação compartilhada, a participar de decisões locais e a cobrar o poder público. “O modelo de consórcio foi baseado em outras instituições que gerenciam fundos, como é o caso das artes”, explica Mike Rispoli, diretor do Free Press, instituto que lidera o grupo.

O processo para aprovação da legislação, no entanto, não foi simples. O estado de New Jersey tinha um histórico de apoio à mídia local, que recebia recursos de filantropia e também dinheiro público para operar canais de transmissão de TV e rádio. Em 2011, o governo cortou o recurso e colocou as redes para leilão, autorizado em 2016, vendidas para o poder privado por US$ 332 milhões (apenas dois dos quatro canais à época25). A oportunidade política estava colocada à mesa: uma boa quantidade de dinheiro inesperado e um estado que se transformava em um deserto de notícias.

Rispoli, à frente do Free Press, e outras organizações da sociedade civil começaram a se mobilizar para brigar por uma fatia dos recursos que o estado iria receber pela venda das emissoras, no sentido de investir na reconstrução de um ecossistema de informação local.

O Consórcio de Informação Cívica, como o grupo foi depois nomeado, reivindicou, a princípio, US$ 100 milhões e recebeu uma contraproposta de US$ 10 milhões. Depois de meses de lobby, petições e audiências em comitês, foi entregue no escritório do distrito legislativo o primeiro rascunho do projeto de lei, finalmente aprovado em julho de 2018. Mas que, por causa da Covid-19, viu o recurso ser congelado e depois diminuir para os atuais US$ 3 milhões, que começaram a ser alocados em 2021.

“As pessoas começaram a entender por que a informação é importante, e o direcionamento da lei é claro: usar o dinheiro do governo para dar a notícia que o cidadão precisa para participar da democracia”, afirma Rispoli.

Na Europa, um grande projeto, financiado pela Comissão Europeia com 2 milhões de euros e liderado por quatro grandes organizações de jornalismo no continente (European Federation of Journalists, Centre for Media Pluralism and Media Freedom, International Media Support e Journalismfund.eu), tem como objetivo principal justamente gerar dados e análises que possam servir de base para o desenho de políticas públicas específicas para cada país ou região. Lançado em fevereiro último, um mapeamento de desertos de notícias e “áreas de risco para a informação local” deve ser publicado até o fim deste ano.

A iniciativa, chamada de “Local Media for Democracy”26, reconhece, não apenas no título, a conexão estreita entre cidadão bem informado e o futuro dos sistemas democráticos, e afirma a necessidade de considerar o ecossistema. “A robustez desses ecossistemas de mídia também serve como um indicador significativo da cooptação [partidária] de mídia, um fenômeno crescente e preocupante na Europa”, diz o texto de lançamento, que explicita a importância de enfrentar a desinformação de uma outra forma.

Em um editorial publicado em março27, o jornal inglês The Guardian também defendeu o jornalismo local – do qual ele não é exatamente um representante – como essencial para a sociedade, e por isso acrescentou, como também defendemos, que o “financiamento público é parte crucial desse mix [de soluções]”. Um relatório sobre o assunto28 publicado em janeiro pelo Parlamento inglês – agora fora da Europa e expressamente mais liberal – inclui recomendações como a de “explorar novos caminhos para que organizações de jornalismo local consigam registro de associação sem fins lucrativos e encorajar mais financiamento vindo da filantropia para o setor”.

 

O Papel das Políticas Públicas

 

A crise do modelo de negócios do jornalismo não é só um risco para a indústria em si. E, por isso, soluções mais imediatistas que têm como foco a sobrevida de um modelo que permanecerá em crise não serão suficientes para a construção democrática.

No Brasil, experiências nesse sentido também já foram tentadas ou estão em discussão. A Política Estadual de Incentivo às Mídias Locais, Regionais e Comunitárias29, por exemplo, foi um projeto de lei aprovado em 2014 pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, mas que teve vida breve. Criado com o objetivo de fortalecer os pequenos meios de comunicação, ampliar a transparência na administração pública e democratizar o fluxo das informações direcionadas à população, o projeto estabelecia o direcionamento mínimo de 20% do orçamento de publicidade da Secretaria de Comunicação (Secom) para essas organizações.

Ele entrou em vigor para equilibrar um cenário desigual comum a outros estados. Em 2013, o estado registrava, segundo dados da Lei de Acesso à Informação publicados pelo site Sul21,30 um investimento entre 5% e 10% em meios locais, regionais e comunitários e de 80% a 95% nos quatro grandes grupos de comunicação do Rio Grande do Sul.

A lei foi inspirada num programa de 2012, criado pela Secom estadual, que havia cadastrado mais de 200 iniciativas de rádios comunitárias para redistribuir a verba publicitária do governo – o valor, que era pequeno, pagava em geral contas fixas, como aluguel e internet.

Mais recentemente, outros grupos no Brasil estão se mobilizando para resgatar aprendizados da gestão pública da cultura e de outras áreas que foram efetivos na distribuição de recursos e na garantia da autonomia dos territórios para executar políticas que asseguraram o exercício da democracia localmente.

Uma dessas conversas está sendo liderada pela Artigo 19, organização, de sede internacional, de defesa do direito e liberdade de expressão, que agora, junto a uma comissão criada dentro do Ministério da Justiça, pretende discutir uma forma mais abrangente de tornar o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH) um projeto de lei, garantindo a criação de uma política pública com orçamento para proteção “às vozes dissidentes”.

Raísa Cetra, coordenadora do Programa de Espaço Cívico da Artigo 19, afirma que a “recente deterioração de políticas públicas gerou um déficit democrático de participação, não só nos conselhos municipais, mas também em protestos, inflamando ainda mais fenômenos de desinformação”. A ONG entende que é preciso ter um olhar mais sistêmico para esse cenário.

Todos esses esforços – de antigos a mais recentes – vêm no sentido de contribuir e trazer soluções que nos ajudem a construir um arcabouço democrático maior. No entanto, acreditamos que uma discussão anterior precisa entrar na pauta quando falamos sobre o que devemos proteger e fomentar, em especial por políticas públicas: a indústria ou a informação?

 

Cidadãos no Centro do Ecossistema

 

A democracia começa a ser construída a partir da proximidade do cidadão e da cidadã com as instâncias de poder local. Pode ser num conselho municipal, numa audiência pública ou durante uma campanha de vacinação. Em uma comunidade ou em grandes aglomerados urbanos, se tanto os problemas quanto as soluções aparecem sob a lente ampliada de desafios nacionais ou globais, nós nos sentimos impotentes – e nos desconectamos.

Isso, de maneira geral, é o que acontece. Por essa razão, o jornalismo local que atende aos critérios éticos da produção da notícia é tão importante. Mas, em tempos de sociedade do conhecimento, a definição do que é esse jornalismo ou sobre qual é a necessidade básica de informação que a população precisa para agir em prol do bem comum também merece reflexão – e, em nossa opinião, um alargamento. Para nós, a diferença está no que decidimos privilegiar nessa discussão: salvar o negócio, isto é, a indústria jornalística, ou a população e o acesso equitativo às informações (um bem público), a partir de um ecossistema no qual a audiência (os cidadãos) deve estar no centro.

Em O seu jornalismo é luxo ou necessidade31, o jornalista Harry Backlund, cofundador do City Bureau, um laboratório de jornalismo local com base em Chicago, nos Estados Unidos, propõe olhar para a informação como olhamos para outros itens de necessidade vital e dá novo uso à Pirâmide de Maslow para exemplificar a teoria explicitada no artigo: “Na base, e em abundância, teríamos as informações essenciais, como acesso à moradia, alimentação, mobilidade e trabalho. No meio, as informações que ajudam as pessoas a se conectarem e se comunicarem para viver em sociedade. E no topo as informações aspiracionais, que nos engajam e nos instigam a saber mais sobre como o mundo funciona e o que deve ser repensado”.

Nesse sentido, se formos tentar classificar o tipo de jornalismo produzido em larga escala no Brasil, quase tudo parece estar no topo. O que Backlund e seus colegas propõem aqui é que precisamos de uma nova reflexão sobre o que entendemos enquanto jornalismo se formos levar a sério que ele deve cumprir sua função social e ser um pilar no acesso a direitos para todo cidadão e cidadã. Isso significa mudar a lente, mas mudar também a quantidade e a forma de financiar iniciativas que, sim, dão conta das necessidades básicas de informação da população. E isso pode ter os mais diferentes formatos e linguagens.

 

Mídia Cívica: Produção de Informação e Pertencimento

 

Ao nos debruçarmos sobre esse campo, observamos que há uma diversidade imensa de soluções experimentadas. Muitas, inclusive, não se consideram ou não são consideradas iniciativas de comunicação ou jornalismo, apesar de trabalharem diretamente com produção e disseminação de informação local.

A ideia não é necessariamente nova e existem muitas nomenclaturas que foram criadas e utilizadas ao longo dos anos para definir esse tipo de proposta: jornalismo hiperlocal, jornalismo cidadão, comunicação comunitária, mídia cívica etc.

E é exatamente por isso que trazemos a discussão de ecossistema, já que nele podem caber desde organizações que praticam o jornalismo local a canais regulares de WhatsApp, passando por grupos de Facebook e outras formas e linguagens, inclusive “offline”, que, além de atenderem a critérios mínimos de produção da informação (ou seja, não são canais de propaganda), também estabelecem um vínculo com suas comunidades. Eles reconhecem a necessidade de envolvimento das pessoas no processo de produção da informação, seja a partir de suas necessidades ou de engajamento, ou diálogo com ela, até a participação direta, e acabam impulsionando a participação democrática dos cidadãos nos locais onde vivem pelo sentimento de pertencimento e conhecimento. O escritor e líder indígena Ailton Krenak, em um artigo sobre ecologia política32, define bem, para nós, essa visão: “Gente, lugar e jeito de estar no lugar compõem um todo”.

Não faltam exemplos atuando a partir dessa lógica. O ex-correspondente da BBC Shubhranshu Choudharay33 lidera há mais de uma década uma organização, a CGNet Swara34, que sustenta a produção e circulação de informação local na área rural do estado indiano de Chhattisgarh, principalmente dedicada às populações nativas. As histórias reportadas circulam por áudio, nos telefones celulares (via aplicativo) ou em postos telefônicos, para áreas mais remotas. A imprensa regional, que cobre em hindi as notícias, não alcançava a maioria da população nativa ali, que fala outras línguas. A circulação das traduções e de outras informações produzidas pelos habitantes, em áudio, aumentou o nível de engajamento dessas comunidades em objetivos coletivos, conta o jornalista.

Em Moçambique, o FORCOM – Fórum Nacional de Rádios Comunitárias35 funciona desde 2004 para reunir e apoiar sua rede. Segundo a diretora-executiva,, a jovem jornalista Ferosa Chauque Zacarias, a quase totalidade das 51 rádios comunitárias que fazem parte do grupo é liderada de forma voluntária por profissionais não necessariamente treinados em jornalismo. De novo, um dos objetivos das rádios é fazer com que as informações importantes para o país sejam debatidas e levadas a conhecimento de audiências apartadas dos grandes centros.

A organização Mutante,36 sediada na Colômbia, também promove um outro tipo de jornalismo: eles produzem informação – nos mais diversos formatos, que vão de reportagens de grande envergadura e manuais a posters para campanhas – para municiar sua audiência de conhecimento para que participe dos debates nacionais. Uma das mais recentes foi sobre a discussão da mudança da legislação do aborto no país.

*6: cjr.org/special_report/michael-tubbs-disinformation-racism-news-deserts-stockton-california-209-times.php

Ainda no Brasil, a Rede Wayuri de Comunicadores Indígenas,37 durante as eleições, lançou um projeto de combate a notícias falsas para mais de 750 comunidades do Alto Rio Negro, via áudio por WhatsApp e nas rádios-postes – em mais de oito línguas locais. O projeto ainda forma novos comunicadores em cada território para que possam se tornar correspondentes.

Esse coletivo de comunicadores indígenas é uma das iniciativas identificadas pela Rede Cidadã InfoAmazônia38, que conecta comunicadores locais e mídias regionais da Amazônia Legal para cocriar e difundir conteúdos com temas socioambientais produzidos no território amazônico. “A relação dessas organizações com seus territórios é superimportante para a informação circular. São eles que sabem os melhores formatos de como organizar, produzir e distribuir os conteúdos”, explica Débora Menezes, coordenadora da rede.

As iniciativas são muitas. Nos Estados Unidos, um grupo se uniu para fazer um diagnóstico de características desse “novo” ecossistema e lançou o Roadmap for Local News39. O relatório busca incluir organizações que ficavam de fora do que é considerado tradicionalmente como “jornalismo local”, mas que ainda assim se dedicam a informar o público, com foco no engajamento comunitário e em ampliar seu acesso (e direitos de participação) ao lugar onde moram. Segundo o documento, essas organizações priorizam levar às pessoas, que nunca foram bons “mercados” para notícias comerciais, informações em um meio com o qual elas se envolvem naturalmente (sejam aplicativos de texto/e-mail/vídeo etc.).

Em 2020, o relatório anual sobre o mundo digital de notícias, do Reuters Institute, publicou um capítulo dedicado ao jornalismo local40 que incluía o que eles chamaram, em inglês, de non-news media sources. Entre os países pesquisados – e o Brasil estava entre eles –, quase um terço (31%) da amostra de respondentes diz ter usado grupos ou páginas locais das redes sociais (por exemplo, Facebook ou WhatsApp) como fonte de notícias locais. As comunicações pessoais de outros residentes, vizinhos, amigos e/ou familiares eram vistas como fontes importantes de informação para cerca de um quarto (28%), enquanto 13% diziam que consomem informações vindas diretamente de instituições locais.

No Brasil, o recém-lançado Mapa da Cajueira41 faz um levantamento do jornalismo independente existente nos estados do Nordeste. “Defendo uma visão mais ampla do jornalismo local que contemple projetos com caráter informativo, que nem sempre são reconhecidos dentro dos modelos clássicos do jornalismo”, afirma Mariama Correia, idealizadora do projeto.

Segundo Mariama, que também atua como pesquisadora do Atlas da Notícia no Nordeste, há uma invisibilização dessas iniciativas no censo. “Atualmente, o Atlas não considera rádios comunitárias como veículos jornalísticos, embora eles sejam tão importantes do ponto de vista informativo para seus territórios”, conta.

A mesma lógica se aplica ao levantamento desenvolvido pela Énois, em 2022. O Mapa de Jornalismo Local42 contemplou veículos e canais de difusão cultural nos bairros e periferias da capital paulista e dos 38 municípios que compõem a região metropolitana de São Paulo. Do total de iniciativas mapeadas, mais de 75% utilizam plataformas digitais, como perfis em redes sociais, sites e blogs, como segmento principal de atuação para distribuição de conteúdo. E grande parte delas atua a partir de pautas sugeridas pela própria comunidade.

 

Agora É a Hora

É preciso voltar a olhar para a informação como um direito essencial a nossa sobrevivência como humanidade. Também é preciso, a partir dessa lente, entender que a indústria do jornalismo não é capaz de garantir o acesso à informação de forma equânime e que, portanto, precisamos identificar quem mais faz parte desse ecossistema para, então, pensar em formas de garantir a existência e apoiar o desenvolvimento dessas iniciativas.

Significa investir em atores e infraestruturas que garantam a produção, a circulação e o acesso de informações necessárias à vida individual e coletiva nas comunidades e cidades. Significa pensar que a desigualdade informacional, se não enfrentada de maneira sistêmica, não desaparece e cria mais divisões – cujo impacto a médio prazo é a corrosão das democracias.

Equipar as pessoas para lidar com um mundo em constante transformação tecnológica e informacional é um projeto de distribuição de poder.

Mas significa também, já que estamos falando de problemas e soluções sistêmicas, que todos os stakeholders são chamados a agir. A filantropia, ampliando e descentralizando os investimentos de forma que promovam um olhar mais complexo para o campo; os governantes, desenhando políticas públicas de fomento direto a esse ecossistema; e os cidadãos e as cidadãs, se engajando em iniciativas em seus territórios. Esse muro – que parece invisível – entre quem tem acesso à informação e quem não tem cria mundos paralelos, incomunicáveis.

Do ponto de vista do fortalecimento e da manutenção dos sistemas democráticos, não há solução possível se ela não parte do nível local de participação cidadã.

Fomentar uma lógica autônoma de produção e consumo de informação, a partir dos territórios, a partir do local, é um ciclo virtuoso que contribui a curto prazo para a construção democrática – que inclui processos eleitorais mais saudáveis – e a médio e longo prazos também para a sustentabilidade financeira dessas iniciativas, visto que elas estarão imbricadas na vida cotidiana da população (ou seja, sua audiência). Uma vez que as pessoas entendem o valor da informação para seu dia a dia, têm acesso àquilo que estão buscando e são impactadas pelas transformações que ocorrem a partir da ação/participação local, elas também estão mais propensas a contribuir e até apoiar financeiramente essas iniciativas.

E, como dissemos mais acima, nada disso é novo. No limite, equipar as pessoas para lidar com um mundo em constante transformação tecnológica e informacional é um projeto de distribuição de poder. E tem a ver com enfrentar a desigualdade de produção e acesso a um bem público – a informação.

Temos eleições municipais ano que vem no Brasil, lembra? E teremos quase 60 mil chances de fazer diferente. Mas é preciso começar a agir já. Amanhã será tarde demais.

 

Notas

1. Agência Mural. Disponível em: <agenciamural.org.br>. Acesso em: 30 maio 2023.
2. Énois. Disponível em: <enoisconteudo.com.br>. Acesso em: 30 maio 2023.
3. O projeto com o carro de som pode ser conferido em: <instagram.com/p/CI5-jWPAiZk/>. Acesso em: 30 maio 2023.
4. Pulso da Desinformação. Disponível em: <igarape.org.br/pulso-da-desinformacao/>. Acesso em: 30 maio 2023.
5. Atlas da Notícia. Disponível em: <atlas.jor.br/noticias/projor-e-volt-data-lab-anunciam-sexta-edicao-do-censo-atlas-da-noticia/>. Acesso em: 30 maio 2023.
6. Columbia Journalism Review, “Michael Tubbs on disinformation, racism, and news deserts”. Disponível em: <cjr.org/special_report/michael-tubbs-disinformation-racism-news-deserts-stockton-california-209-times.php>. Acesso em: 30 maio 2023.
7. Democracy Fund, “How we know journalism is good for democracy”. Disponível em: <democracyfund.org/idea/how-we-know-journalism-is-good-for-democracy/>. Acesso em: 30 maio 2023.
8. Reuters Institute, “Notícias para os poderosos e privilegiados: como representações deturpadas ou insuficientes de comunidades desfavorecidas abala a confiança delas nas notícias”. Disponível em: <reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/noticias-para-os-poderosos-e-privilegiados-como-representacoes-deturpadas-ou-insuficientes-de>. Acesso em: 30 maio 2023.
9. Nina Weingrill, “Porque é importante falar sobre Coronavírus – e outras coisas – localmente”. Disponível em: <ninaweingrill.medium.com/porque-%C3%A9-importante-falar-sobrecoronav%C3%ADrus-e-outras-coisas-localmente-406251b9c47b>. Acesso em: 30 maio 2023.
10. Jamelle Bouie. Disponível em: <jamellebouie.net/>. Acesso em: 30 maio 2023.
11. Jamelle Bouie, “Disinformation not the real problem of democracy”. Disponível em: <realclearpolitics.com/2023/03/12/disinformation_not_the_real_problem_with_democracy_593554.html>. Acesso em: 30 maio 2023.
12. Unesco, “Safeguarding freedom of expression and access to information: guidelines for a multistakeholder approach in the context of regulating digital platforms”. Disponível em: <unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000384031.locale=em>. Acesso em: 30 maio 2023.
13. Ajor – Associação de Jornalismo Digital. Disponível em: <ajor.org.br>. Acesso em: 30 maio 2023.
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AS AUTORAS

Izabela Moi é jornalista, cofundadora e diretora-executiva da Agência Mural de Jornalismo das Periferias e professora visitante no Institute Français de Presse, em Paris.

Nina Weingrill é jornalista, cofundadora da Énois (2009) e consultora para organizações de jornalismo. É fellow do International Center for Journalists (EUA), no qual pesquisa ferramentas e metodologias para o fortalecimento do jornalismo local e suas interseções com políticas públicas. É membra fundadora da Associação de Jornalismo Digital (Ajor) e participa da rede Future of Local News, com sede nos Estados Unidos. Em parceria, ambas as autoras estão desenhando uma pesquisa para mapear, definir e categorizar como existem e se conectam esses ecossistemas de informação local no Brasil.



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