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Inclusão tecnológica para comunidades excluídas

Levar operações de tecnologia de ponta para o coração geográfico de comunidades excluídas impulsiona a participação em massa, estimula o avanço econômico de seus membros e, ao mesmo tempo, desafia as regras aceitas a respeito de diversidade, equidade e inclusão.

Por Linda Jakob Sadeh e Smadar Nehab

(Ilustração de Claire Merchlinsky)

Oli, engenheiro de ciências da computação, vinha de uma família palestina muçulmana de Israel que morava distante do centro geográfico e econômico do país. Ali se formou em uma instituição acadêmica de prestígio e foi contratado por uma empresa respeitável de software em Tel Aviv — uma exceção em um setor no qual apenas uma pequena porcentagem dos profissionais de tecnologia é árabe. A empresa não tinha nenhum outro empregado muçulmano ou palestino. No escritório, sua cultura e identidade nacional eram desconhecidas, e ele sentia-se sozinho nos feriados religiosos, sem falar nas celebrações nacionais carregadas de conotações. Ademais, o trabalho exigia de  le passar quatro horas por dia na estrada, uma vez que alugar um apartamento em Tel Aviv era virtualmente impossível. Ali ficou menos de um ano na empresa.

A história de Ali não é incomum, e retrata a ausência de comunidades excluídas nos setores econômicos em expansão ao redor do mundo, especialmente no de tecnologia. Essa sub-representação é apenas um dos componentes da segregação e da alienação que essas comunidades enfrentam. Quando cercada por vizinhos segregados geograficamente, a sociedade dominante os vê, na melhor das hipóteses, como destinos para “turismo exótico”, e, na pior, como regiões proibidas devido ao medo do crime ou de outras ameaças.

A interação entre pessoas desses dois mundos apartados, quando ocorre, gira em torno dos serviços prestados pelos membros da sociedade excluída, que atuam como garçons, faxineiros, pedreiros, ou fazendo atividades braçais e outros serviços menores. Devido a essa interação limitada, à violência institucional e ao excessivo policiamento enfrentados pelos membros das comunidades excluídas, potenciais candidatos e candidatas a empregos que envolvem alta tecnologia podem sentir-se desencorajados a se aventurar para fins profissionais ou mesmo para participar de entrevistas. Com isso, a segregação mantém-se em um círculo vicioso interno no qual as condições sociais perpetuam a distância entre membros das comunidades excluídas e da sociedade dominante, mesmo quando empresas não discriminam ativamente. 

Esses desafios sociais representam barreiras que ultrapassam os óbvios obstáculos profissionais. Por conta deles, apenas algumas pessoas excepcionais das comunidades excluídas optam por trabalhar em profissões tecnológicas ou estudar para exercê-las. Quando o fazem, em geral sentem-se isoladas social e culturalmente. Às vezes, o abismo é tamanho que a própria existência de profissões tecnológicas ou a relevância que podem ter para essas comunidades é desconhecida. Não surpreende que, dotadas de poucos — quando algum — exemplos de sucesso profissional, essas pessoas tenham dificuldade de imaginar que podem se integrar a tais ocupações.

Abordagens comuns para promover diversidade, equidade e inclusão no ambiente de trabalho incluem levar membros da comunidade excluída para os locais onde o setor já se encontra. Cientes de que não se chega a tal integração sem esforços por parte de empregadores, as empresas arcam com o ônus de fazer suas equipes mais “diversificadas” e “inclusivas”. Podem nomear diretores de diversidade e inclusão, mudar suas políticas para garantir oportunidades igualitárias de trabalho, assegurar que seus quadros passem por treinamentos de diversidade para evitar preconceitos implícitos, instituir programas de mentoria e forças-tarefa voltadas para a diversidade e outras coisas mais. Contudo, tais iniciativas fracassam repetidamente. Mesmo quando os esforços das empresas são sinceros, a pessoa em busca de um emprego já enfrenta obstáculos para entrar no mundo corporativo da tecnologia, quanto mais para sobreviver nesse ambiente por um período significativo. Ademais, as iniciativas mais bem intencionadas de integrar membros de comunidades excluídas também enfrentam uma verdade inconveniente: poucos candidatos para as vagas e nem todos são qualificados.

As empresas, muitas vezes, oferecem treinamentos práticos para lidar com o problema da diversidade no mundo da alta tecnologia, e, reconhecendo as desvantagens que os membros de comunidades excluídas enfrentam, tentam igualar as condições referentes a expertises e habilidades. Porém, tais treinamentos não conseguem ter participação maciça das comunidades excluídas ou atraí-las para profissões tecnológicas. Para além do conhecimento profissional e da experiência prática com tecnologia que esses treinamentos oferecem, as principais barreiras sociais, étnicas e econômicas permanecem, muitas vezes, sem solução.

 

A realidade de uma empresa de tecnologia com um quadro de funcionários majoritariamente de origem árabe em uma cidade também árabe desafiou a noção de que os palestinos não tinham lugar nessa indústria.

 

Desse modo, surge uma situação paradoxal: por um lado, determinadas comunidades são excluídas do mundo da alta tecnologia e da mobilidade social que ele proporciona. Por outro, mesmo quando empresas querem contratar nessas comunidades e implementar medidas de diversidade e inclusão que deveriam tornar isso possível, a rede de candidatos qualificados e interessados segue, em geral, limitada. Faltam estímulos para os membros das comunidades excluídas continuarem a estudar ou participarem de treinamentos para essas profissões e assim ingressar nos setores em crescimento econômico, em especial no da tecnologia de ponta.

O modelo de Inclusão Tecnológica apresentado neste artigo busca desvendar esse paradoxo, analisando as barreiras sociais e econômicas que impedem as comunidades excluídas de fazer parte do setor tecnológico. O modelo sugere que esse setor pode ser uma força motriz para a inclusão caso olhemos de outra maneira para o paradigma da inclusão, levando a indústria até a comunidade excluída e cultivando um ambiente solidário tanto para candidatos quanto para empresas em potencial.

O foco da Inclusão Tecnológica em alta tecnologia decorre não apenas da exclusão que testemunhamos na indústria mas, também, do grande potencial que oferece: mobilidade social e econômica independentemente da origem; emprego em regiões variadas e, portanto, nas adjacências das comunidades excluídas; e uma nova fonte de funcionários e funcionárias, principalmente em economias voltadas para a tecnologia. A existência de um centro tecnológico bem-sucedido em uma região ou cidade excluída que emprega tanto membros da comunidade local quanto profissionais de fora pode reajustar as relações de poder, rompendo os estereótipos e impulsionando mudanças sociais.

Nosso modelo tem origem em uma das sociedades mais polarizadas do mundo e em sua excludente indústria tecnológica. Em 2008, cidadãos palestinos em Israel compreendiam 21% da população local, mas representavam menos de 0,5% dos profissionais empregados na indústria de alta tecnologia, principal fonte de crescimento econômico do país.2 Esses números não abrangem toda a amplitude de desafios que os cidadãos palestinos de Israel enfrentam para se integrar à sociedade judaico-israelense: palestinos e judeus vivem, em sua maioria, em cidades e bairros separados, a educação estatal é segregada etnicamente, e ainda existem barreiras linguísticas e discriminação em diversos setores.

Em 2007, Smadar Nehab, coautora deste artigo, encontrava-se em uma situação singular. Israelense de origem judaica, experiente engenheira de computação, além de ativista dona de laços profundos com a comunidade palestina em Israel, ela reconhecia a extrema desigualdade de emprego enfrentada por palestinos formados em STEM (a sigla em inglês para ciências, tecnologia, engenharia e matemática), bem como as oportunidades perdidas pela indústria, sem mencionar o insucesso do mercado e do setor. Àquela altura, a indústria de tecnologia israelense já sofria com a falta de engenheiros, uma necessidade que culminaria, em 2019,3 em uma escassez de mão de obra de 18.500 trabalhadores, cerca de 6% da força de trabalho do setor. Em sua antiga startup, onde era vice-presidente de engenharia, Nehab havia encontrado dificuldades para contratar engenheiros qualificados, e quando o conselho solicitou que procurasse no exterior, ela se perguntou se deveria se dar ao trabalho, uma vez que Israel já tinha tantos talentos palestinos com ensino superior subempregados. Ela convenceu Yossi Coten, amigo e especialista em gestão de logística, a se juntar a ela.

Enquanto isso, Sami Saadi, israelense de origem palestina e morador do norte do país, tinha a esperança de criar um polo tecnológico para ajudar a desenvolver uma economia sustentável na região da Galileia, altamente povoada por árabes. Nehab e Coten se associaram a Saadi e, no início de 2008, o trio fundou a Tsofen — uma organização não governamental (ONG) cuja missão é conectar cidadãos palestinos de Israel com o setor de tecnologia.

A Tsofen apoiava-se em dois pilares: sua estrutura conjunta palestino-judaica e seu propósito de ajudar a levar operações de alta tecnologia para as localidades próximas à população palestina em Israel. O primeiro pilar era fundamental para os fundadores: nenhuma mudança radical poderia ser feita a menos que os membros da comunidade palestina estivessem envolvidos de maneira direta e igualitária. Devido ao desequilíbrio de poder entre judeus e palestinos, também ficou claro que os parceiros judeus precisavam se valer de suas posições privilegiadas e participar da iniciativa. A parceria entre palestinos e judeus segue sendo essencial para a Tsofen.

Mais desafiador, o segundo pilar exigia convencer empresas a realizar novas operações em centros populacionais palestinos. Profissionais do setor manifestaram sua relutância em fazê-lo alegando que “os árabes não fazem parte desta indústria”. Essa afirmação era parcialmente verdadeira. Embora, naquele momento, milhares de palestinos israelenses tivessem diploma universitário em exatas, apenas algumas centenas de formados atuavam em profissões de alta tecnologia. A maioria acabava trabalhando como professor ou no ramo varejista, de construção, ou em profissões que nada tinham a ver com suas qualificações. Assim, devido às opções de emprego escassas disponíveis para eles após a graduação, pouquíssimos palestinos decidiam estudar áreas ligadas à tecnologia.

No final de 2007, enquanto a Tsofen estava se preparando para dar início às suas atividades, a empresa Gail Software se estabeleceu em Nazaré, a maior cidade palestina em Israel. A empresa foi fundada por figuras proeminentes do mundo do capital de risco de Israel e de comunidades de alta tecnologia que compartilhavam a visão da Tsofen de encabeçar a integração de árabes israelenses ao ramo da alta tecnologia, ao mesmo tempo que atendiam à enorme demanda por engenheiros de software no país. A Gail passou a ser a prova viva da viabilidade de uma iniciativa tecnológica de sucesso em um centro populacional árabe.

Para atrair mais empresas para a Gail e convencê-las do business case, a Tsofen trabalhou para assegurar subsídios financeiros do governo de Israel. Além disso, apoiou as empresas durante o recrutamento, atuando como operadora de formação e contratação. Essas estratégias tornaram a abertura de uma operação na Galileia atraente para as empresas.

Enquanto isso, as coisas começaram a mudar dentro da sociedade palestina em Israel. A simples existência da Gail Software teve um enorme impacto na hora de jovens palestinos escolherem a carreira que gostariam de seguir. Ao se mostrar visível por meio da empresa local, estabelecendo um ambiente de trabalho em que não eram minoria, e criando o primeiro grupo de exemplos com quem os jovens palestinos podiam se identificar, a Galil ajudou a convencer os recém-formados de que a tecnologia de ponta era viável para eles. Contudo, foram necessários esforços adicionais por parte da Tsofen para conquistar a confiança de membros importantes da comunidade palestina da região — pais, formadores de opinião e líderes empresariais locais. Para dar legitimidade e envolver a comunidade local, a Tsofen realizou eventos que conectavam a indústria tecnológica e a comunidade, incluindo encontros, hackathons e conferências tecnológicas e empresariais voltadas para o público árabe. Além disso, lançou cursos de treinamento (conhecidos hoje como boot camps) para complementar a formação acadêmica dos universitários com conhecimento prático.

O impressionante grupo de candidatos que participou do primeiro curso incluía pessoas entre 20 e 30 anos que durante muito tempo sonharam em se juntar ao setor, mas que, em vez disso, trabalhavam como soldadores, lojistas ou PC administrators. Àquela altura, encontrar candidatos mostrou-se uma tarefa complicada, uma vez que apenas um curso foi oferecido durante o primeiro ano. Porém, o sucesso dos participantes do curso inaugural na hora de se colocar profissionalmente teve um impacto enorme, e o segundo ano contou com dois cursos; em meados de 2021, a Tsofen comemorou o lançamento de seu quinquagésimo curso, com mais de mil participantes.

Ao longo dos últimos 14 anos, a participação palestina na indústria de tecnologia israelense cresceu muito mais do que os fundadores da Tsofen poderiam sonhar. Em 2008, a indústria de tecnologia de Israel empregava apenas 350 engenheiros árabes. Em 2020, esse número havia saltado para 8.500. A Gail, em 2008, era a única empresa a ter atividades em uma cidade palestina em Israel. Em 2020, havia mais de 40, incluindo empresas internacionais como Broadcom, Amdocs e Microsoft.

Além dos números, a realidade de uma empresa de tecnologia com um quadro de funcionários majoritariamente de origem árabe em uma cidade árabe desafiou a noção de que os palestinos não tinham lugar nessa indústria. Também acabou com o paradigma de que os palestinos deveriam se deslocar para trabalhar em regiões judaicas, e não o contrário.

 

O modelo

 

Embora nosso modelo de Inclusão Tecnológica tenha sido criado a partir da análise do caso da Tsofen, ele tem uma aplicação mais abrangente, como demonstramos em outras situações que envolvem empreendedorismo social e comunidades excluídas. O modelo tem por alvo o paradoxo que identificamos: embora as empresas dos mercados dominantes queiram diversificar sua força de trabalho, elas não estão ao alcance dos candidatos das comunidades excluídas, ao passo que jovens talentos, devido a barreiras sociológicas e econômicas, não buscam profissões na indústria em questão. Por conseguinte, essa indústria, que oferece uma potencial porta de entrada para a mobilidade social e econômica, permanece fechada para essas comunidades.

O modelo de Inclusão Tecnológica desata esse paradoxo graças a três princípios fundamentais. Em primeiro lugar, busca levar a alta tecnologia para a comunidade excluída, em vez de apenas trazer indivíduos dessas comunidades a ela, desafiando, assim, os métodos de diversidade, equidade e inclusão existentes. Depois, compromete-se a realizar uma parceria integral e genuína entre membros das comunidades dominantes e das comunidades excluídas. Nenhuma mudança radical pode ser empregada sem a representação da comunidade excluída — uma regra que é muitas vezes ignorada. Em terceiro lugar, trabalha para promover mudança sistêmica por meio de um agente da sociedade civil — uma ONG — que impulsione o modelo todo: acionar a comunidade local (incluindo candidatos voltados para o mundo da tecnologia e investidores dessas comunidades), empresas de tecnologia e o governo. A ONG pode ajudar a mapear, selecionar e treinar potenciais candidatos; fomentar a confiança dentro da comunidade; encorajar empresas a estabelecer operações em áreas onde se encontram as comunidades excluídas; e obter apoio do governo.

 

Frequentemente, eles não sabem o que é a indústria de alta tecnologia, são incapazes de nomear empresas, e não conhecem ninguém que trabalhe nessa área.

 

A partir desses três fundamentos, o modelo de Inclusão Tecnológica emprega quatro componentes práticos: abertura de escritórios de tecnologia de ponta no coração da comunidade excluída; capacitação dessa comunidade por meio da oferta de formação prática dos candidatos; aumento da conscientização e da confiança da comunidade local em relação às oportunidades e às vantagens que as profissões de tecnologia trazem para os jovens; e construção de apoio governamental para subsídios e desenvolvimento da infraestrutura necessária. Esses componentes devem ser buscados simultaneamente para que seus impactos sejam otimizados. Olhemos para cada um deles.

Componente 1: Implementar uma operação de alta tecnologia no coração de uma comunidade excluída | Estabelecer uma iniciativa em uma comunidade excluída contando com a contratação de seus membros demonstra o potencial de empregabilidade do setor de tecnologia tanto para a comunidade como para a indústria, e, consequentemente, para o governo e outros potenciais investidores. Esse é o ponto arquimediano do modelo, bem como seu componente mais inovador, e serve como ponto de partida para a participação plena da comunidade excluída no setor como um todo.

Montar uma operação tecnológica dentro de uma comunidade excluída deve ter como base três alicerces da mesma importância, mas não necessariamente compatíveis: valor comercial, valor social e profissionalismo tecnológico. A escolha de um foco tecnológico deve começar com a identificação clara de uma demanda de mercado grande o bastante, fundamentada pelo mapeamento criativo das necessidades de emprego e potencial empregabilidade, conduzida pelos empreendedores digitais que estabeleceram a operação ou pela ONG. A demanda mais óbvia geralmente recai sobre serviços de software que nem sempre exigem formação superior, tais como controle de qualidade (QA, quality assurance, em inglês) e apoio ao cliente. Ao mesmo tempo, o foco tecnológico também deve mostrar as oportunidades que as profissões de alta tecnologia oferecem para a comunidade excluída, tais como empregos melhores e mobilidade econômica. Portanto, é preferível concentrar-se em operações que exijam recursos técnicos de desenvolvimento de software. por fim, as considerações comerciais e sociais podem, a longo prazo, não entrar em conflito, uma vez que iniciar o envolvimento de uma comunidade excluída no mundo da alta tecnologia com serviços de software de baixo nível tende, mais tarde, a provocar o envolvimento em trabalhos mais profissionais e lucrativos. Contudo, é importante levar as duas considerações em conta.

O modelo não deve ser confundido com a abordagem familiar de terceirização internacional que procura mão de obra mais barata em regiões distantes. No modelo de Inclusão Tecnológica, os funcionários vivem dentro dos mesmos sistemas econômicos e têm um sistema de remuneração igual ao dos que fazem parte da sociedade dominante. O motivo para posicionar os locais de trabalho nas áreas da comunidade excluída não é tirar proveito de salários mais baixos, mas impulsionar o setor dentro da comunidade.

As empresas pioneiras nesse modelo muito provavelmente se associarão a líderes de negócio que acreditam no valor social e econômico da integração da comunidade carente. Como o estabelecimento de uma operação tecnológica nova é sempre complicado, ainda mais em uma área de tecnologia atípica como a região da comunidade excluída, esses empreendedores também devem ser profissionais com experiência no ramo da tecnologia.

A Siraj Technologies Ltd., fundada por Khader Al-Sheikh e Giora Yaron, é um ótimo exemplo de empresa de tecnologia criada no coração de uma comunidade. Em meados de 2016, Al-Sheikh, empresário da comunidade beduína de Israel, conheceu Yaron, um dos fundadores da indústria de alta tecnologia no país. Os dois concordaram com a necessidade de conectar a comunidade beduína ao próspero setor tecnológico israelense. Naquele momento, quando a integração da sociedade palestina em Israel já estava, em geral, em processo acelerado, os beduínos do sul ainda não haviam se beneficiado de tal prosperidade. Sua situação social e econômica era pior e eles tinham menos jovens formados no ensino médio ou em cursos universitários voltados para STEM. Al-Sheikh e Yaron decidiram fundar uma empresa de alta tecnologia que empregasse, primordialmente, engenheiros beduínos com o objetivo de solucionar tanto a escassez de talentos do setor tecnológico no país quanto o baixo número de beduínos que participavam dele.

Antes de mais nada, montaram um conselho de diretores pequeno, porém eficiente, que contava com executivos judeus e beduínos altamente experientes e ligados ao mundo da tecnologia de ponta, bem como com membros da comunidade beduína donos de excelente desempenho acadêmico.

Em 2017, com apenas quatro engenheiros, lançaram a Siraj Technologies Ltd., uma startup voltada para a Internet das Coisas (IoT, em inglês). A escolha foi deliberada. Primeiro, um grupo pequeno, embora extremamente talentoso, de dentro da comunidade se candidatou. Uma equipe daquele tamanho não seria atraente para fins de terceirização de baixo nível, como QA, mas era adequado para o desenvolvimento tecnológico, que pode ter início apenas com poucos bons engenheiros. Depois, o trabalho de desenvolvimento de alto nível implica salários mais altos, o que torna a profissão mais atraente para os candidatos e mais prestigiosa para a comunidade em geral. Em terceiro lugar, uma empresa de produtos em uma área de ponta como IoT obtém uma fatia maior do mercado, além de maior exposição pública dentro da comunidade em geral e junto ao governo. Por fim, a Internet das Coisas é um setor em rápida expansão e que requer serviços complementares que possibilitem a inclusão de muitos empregados auxiliares.

Os fundadores decidiram abrir a Siraj em um local próximo à comunidade beduína do sul de Israel. Eles escolheram Beersheba — a maior cidade do deserto de Negev —, que contava com um polo de alta tecnologia recém-criado. A cidade é familiar para a comunidade beduína e lar de muitos de seus membros.

A Siraj enfrentou muitas dificuldades para atrair clientes. Em geral, startups passam por isso, mas era um obstáculo maior para a Siraj porque a empresa contava com uma nova fonte de talentos. Os fundadores souberam tirar proveito do aspecto social ao se aproximarem de empresários com sensibilidade social. Aqui, sua perspicácia se mostrou valiosa: sem uma rede inicial de contatos profissionais, o envolvimento dos primeiros clientes teria sido impossível.

À medida que a Siraj Technologies crescia, a escassez de candidatos beduínos começou a retardar o progresso. Assim, um ano após seu lançamento, a empresa fundou a ONG Siraj, que oferece apoio essencial para a Siraj Technologies, incluindo serviços de seleção, treinamento e contratação elaborados de acordo com as necessidades e tecnologias específicas da empresa. Com a ajuda da ONG, candidatos são treinados para trabalhar com as tecnologias específicas usadas pela empresa. A ONG também prepara estudantes universitários para a indústria por meio de programas de mentoria.

Atualmente, a relevância da Siraj é evidente. Cinco anos depois de sua fundação, o número de engenheiros empregados na Siraj Technologies aumentou para 24, quase metade do total de beduínos trabalhando em alta tecnologia em Israel. A Siraj apresentou à comunidade uma oportunidade concreta de emprego que até então não existia, e que tinha os beduínos como modelos. Para aumentar o sucesso da Siraj, a ONG realiza eventos comunitários, tais como encontros, hackathons, visitas escolares etc. O envolvimento direto com os engenheiros da Siraj, que poderiam facilmente ser primos ou irmãos dos participantes, tem um impacto que nenhum anúncio ou iniciativa de relações públicas teria.

Um encontro universitário para estudantes beduínos ocorrido em 2020 ilustra como uma operação de alta tecnologia na região, e para o benefício da comunidade excluída, pode ser atraente. Dois líderes do setor tecnológico, um da Siraj e um da sede da Apple em Israel, foram as atrações principais do evento. No fim, o público cercou o membro da Siraj para lhe perguntar sobre oportunidades na empresa. Embora a Apple, para muitas pessoas, seja símbolo de sucesso, sua atração para o público jovem beduíno mostrou-se limitada. A Siraj representa um caminho realista e acolhedor, um ponto importante nos primeiros passos coletivos rumo à inclusão no mundo da tecnologia de ponta.

 

Componente 2: Desenvolver capacitação por meio de treinamento prático | Candidatos com qualificação acadêmica e conhecedores do modus operandi da indústria são um pré-requisito para o início de uma indústria. Em programação, por exemplo, a velocidade do desenvolvimento é muitas vezes mais importante do que sua sofisticação; soluções tomadas em equipe e abordagens baseadas em tentativa e erro são preferíveis; e na solução de problemas do dia a dia, os programadores optam por discuti-los em vez de dar uma resposta definitiva.

Para os membros do grupo dominante, as habilidades comportamentais (soft skills) são, em geral, adquiridas por meio de atividades extracurriculares ou participação em círculos sociais fora da escola ou do trabalho, tais como clubes e eventos para jovens adultos, bem como associações. Contudo, são precisamente esses círculos que muitas vezes estão fechados para os membros da comunidade excluída.

O componente de capacitação da Inclusão Tecnológica enfrenta esse desafio, complementando a educação formal ou universitária com o know-how prático e social necessário para o setor. Essa experiência é implementada graças a boot camps liderados pelas empresas que definem o conhecimento profissional de que precisam, as metodologias que utilizam e as características que valorizam. O boot camp é organizado para simular o trabalho em equipe usando a metodologia da empresa para desenvolver um projeto experimental relacionado ao seu produto e tecnologia. Idealmente, a empresa irá, mais tarde, entrevistar aqueles que se formaram no curso e contratar alguns deles. Porém, ainda que ninguém seja contratado, os participantes adquirem uma experiência prática valiosa ao longo do treinamento que os ajudará a obter um desempenho melhor em entrevistas e a falar sobre tecnologia e situações reais de programação em futuros processos seletivos. Essa experiência também os auxiliará a se aclimatar mais rapidamente a seu novo ambiente de trabalho, caso sejam contratados.

Os boot camps podem, às vezes, ser comparados a treinamentos realizados já no local de trabalho (OTJ, on-the-job training, em inglês), uma prática usada por empresas que desejam trocar de tecnologia e que precisam fazer com que seus funcionários se atualizem. O modelo de Inclusão Tecnológica indica que estagiários devem não apenas ganhar experiência com a tecnologia nova mas, também, passar a ter uma ideia das normas profissionais da indústria. Por exemplo: em vez de serem testados por meio de provas, os funcionários recebem um feedback sobre seu desempenho e os resultados obtidos diária ou periodicamente. No verdadeiro ambiente profissional de alta tecnologia, o erro de uma pessoa pode significar o fracasso de todo um projeto. Quem trabalha com tecnologia deve aprender a lidar com essa pressão, algo que boot camps e OJT proporcionam na prática.

Uma ONG fundada com esses objetivos pode ajudar a mapear, selecionar e treinar candidatos em potencial. Ademais, pode envolver empresas de tecnologia ao convidar seus especialistas a ministrar aulas e workshops, ou a identificar as necessidades específicas das empresas e adaptar os treinamentos a elas.

 

Componente 3: Criar um ecossistema e convencer a comunidade local da importância das profissões tecnológicas | Pode-se pensar que a comunidade local seria a primeira a aderir às novas oportunidades de emprego promovidas pelo setor de alta tecnologia, bem como apoiá-las; porém, nem sempre é esse o caso. Quando conversamos com membros da comunidade excluída, é comum dizerem que a alta tecnologia “não é para nós, mas para eles”. Essas declarações refletem a distância entre esses falantes e sociedade dominante, bem como sua descrença de que os membros da comunidade iriam atrás de tais oportunidades.

Membros da comunidade excluída também não têm familiaridade nem conhecimento de profissões tecnológicas, empresas e modelos importantes. Com frequência não sabem o que é a indústria de alta tecnologia, são incapazes de nomear empresas, e desconhecem pessoas dentro ou fora da comunidade que trabalham nessa área.

A Inclusão Tecnológica salienta que para promover o envolvimento em massa nas profissões de alta tecnologia, o conhecimento e o apoio da comunidade são fundamentais. Para fazer com que os jovens escolham esse setor como carreira, a nova profissão deve ser vista pela comunidade como bem-remunerada, prestigiosa e estável. Isso só é possível ao incluir a nova geração em diferentes etapas da escolha de uma carreira profissional, bem como seus pais e parentes, além de líderes comunitários, inclusive líderes de negócios.

Para tanto, a ONG pode organizar eventos em diferentes círculos comunitários, todos envolvendo interação direta, social e tecnológica com a indústria. Para os alunos do ensino médio, pessoas que possam ser vistas como exemplos são essenciais para o aumento da conscientização em relação às profissões tecnológicas. Além do papel desempenhado pelas empresas pioneiras na atuação local (do primeiro componente do modelo), hackathons e workshops liderados por profissionais da indústria que podem ser tidos como exemplos são mais convincentes do que qualquer outro treinamento educacional. Outra prática eficaz é levar os estudantes para visitar empresas de alta tecnologia e para se encontrar com funcionários locais, o que ajuda os jovens a se imaginar no setor.

Eventos sociais voltados para oportunidades tecnológicas ou profissionais apresentam aos alunos e recém-formados as empresas e tecnologias existentes, tirando proveito das pessoas de dentro da comunidade consideradas exemplos e conectando candidatos em potencial com líderes do setor. Além de adquirir uma ideia mais profunda a respeito da área de tecnologia e de se sentirem inspirados pelas histórias de sucesso de pessoas da sua região, os participantes vivenciam uma espécie de “descoberta” e de convicção ao interagirem pela primeira vez com figuras proeminentes da indústria.

Engajar líderes comunitários é importante devido à influência que eles exercem na opinião pública. Esse engajamento pode se dar por meio de encontros individuais, convidando-os para think tanks nos quais se relacionem com figuras influentes do mundo da tecnologia, ou para dar palestras e participar de comitês governamentais importantes.

A aceitação dos pais é outro passo essencial antes da adoção maciça das novas profissões tecnológicas. Em comunidades excluídas, a geração dos pais encontra-se, em geral, menos suscetível a mudanças econômicas e tecnológicas. Ao mesmo tempo, os pais em comunidades minoritárias ou de imigrantes desempenham um papel mais dominante no futuro profissional de seus filhos. Desse modo, comunicar-se com os pais dentro da comunidade é fundamental, embora possa ser mais desafiador, e esse diálogo deve basear-se em evidências iniciais e na aceitação das outras partes envolvidas. Em geral, esse passo acontece depois do investimento da liderança local, após as empresas pioneiras já estarem trabalhando no local.

A MolenGeek, organização sem fins lucrativos localizada em Molenbeek, Bruxelas, e que busca tornar a indústria de tecnologia acessível a todos, mostra como é possível criar um ecossistema tecnológico nas comunidades excluídas. Molenbeek é um dos bairros mais pobres da região de Bruxelas. Sua população é predominantemente composta por imigrantes africanos de terceira ou segunda geração, e 40% de seus moradores não têm emprego.

A atividade contínua da MolenGeek abarca diversas funções sob um mesmo guarda-chuva: empreendedores da comunidade são convidados a utilizar o coworking e desfrutar de serviços de escritório de alta tecnologia aos quais não teriam acesso de outra forma; programas de treinamento de curta e longa duração ocorrem ali; e eventos dinâmicos de tecnologia têm como público-alvo não apenas os usuários da MolenGeek, mas também (e de maneira significativa) toda a comunidade do bairro.

O coworking, os treinamentos e os eventos de tecnologia locais aumentam também a conscientização da comunidade acerca das oportunidades oferecidas pelos profissionais da indústria de tecnologia. Os moradores veem evidências físicas do coworking em seu próprio bairro; as notícias da participação de jovens e empresários locais se espalham; e jovens da região, líderes empresariais e qualquer pessoa que se interessar têm a chance de aprender sobre alta tecnologia nos encontros organizados ali.

Componente 4: Recrutar o governo | Por fim, o modelo de Inclusão Tecnológica também exige conquistar o apoio do governo para fazer com que a inclusão na indústria de tecnologia seja sustentável social e economicamente. O envolvimento ativo do governo, principalmente financiando os primeiros esforços de integração, é fundamental para incentivar as empresas de tecnologia a adotar as medidas extras necessárias para a contratação de empregados inexperientes vindos da comunidade excluída. Contratar engenheiros pouco experientes acarreta custos e riscos: gastos com o período — não produtivo — de aprendizado e o risco de perder uma parcela dos candidatos. Esses custos são ainda maiores quando existe separação, ou mesmo hostilidade, entre as sociedades excluídas e dominantes. Como a filantropia não subsidia, em geral, custos e riscos extras de empresas privadas, o único órgão não empresarial que pode absorver tais subsídios é o governo.

O governo tem interesse direto em incentivar a participação em massa da comunidade excluída. O esforço é uma causa social justa que ainda traz consigo benefícios econômicos, corrigindo uma enorme falha do mercado: a escassez cada vez maior de empregados da indústria de tecnologia e a existência de um grande número de cidadãos desempregados. A alternativa da terceirização para o exterior não gera a reserva de talento local que atende ao interesse do país.

Os governos, em geral, subsidiam serviços de treinamento e contratação, mas raramente apoiam os primeiros estágios do emprego. Um artigo do Center for International Development da Harvard University, ainda inédito, que avalia uma ampla gama de políticas trabalhistas ativas, mostra que apenas 10% das políticas públicas incluem subsídios salariais.4 Todavia, o artigo mostra que subsídios salariais são a intervenção governamental mais eficaz para o aumento do acesso a novos empregos e a melhores salários — além do apoio que concedem às empresas, também aumentam as receitas dos empregados recém-integrados em cerca de 11%. Comparativamente, serviços de contratação e consultoria elevam a capacidade de receita da população final em 2%, ao passo que, com treinamentos vocacionais, o aumento é de 6,7%.5

Obter o apoio do governo envolve desenvolver uma crença na viabilidade do programa, algo que é mais bem feito estudando-se o sucesso do trabalho de empresas pioneiras (componente 1). O governo deve ser informado e participar das atividades de conscientização (componente 2), nas quais seus representantes podem ainda se familiarizar com o grande potencial oferecido pelo esforço de inclusão. Essas duas ações ampliam as chances de o governo subsidiar programas de treinamento e contratação (componente 3) e fornecer subsídios para os gastos empregatícios das empresas.

 

Felizmente, as indústrias de tecnologia não são homogêneas quanto às demandas por talento e serão ainda menos à medida que a tecnologia e a automação se acelerarem.

 

Impulsionar a participação maciça das comunidades excluídas nas indústrias de tecnologia é algo que não pode ser alcançado sem a implementação de todos os quatro componentes. Embora outros modelos geralmente concebam etapas do trabalho ou inúmeros componentes independentes atuando em sinergia, o modelo de Inclusão Tecnológica requer uma abordagem holística. Colocar um ou alguns dos elementos em prática pode produzir sucesso limitado, mas não a transformação em larga escala que o modelo foi elaborado para criar.

Empreendedores sociais e empresariais podem tentar implementar todos os componentes do modelo de Inclusão Tecnológica do zero. Outra opção é avaliar os esforços locais existentes, identificando aqueles componentes que já estão sendo implementados e aqueles que estão faltando e preencher as lacunas para aumentar e otimizar os processos existentes.

 Pré-requisitos para o sucesso | Para que a Inclusão Tecnológica gere mudança social significativa, várias condições devem prevalecer. Em primeiro lugar, é preciso que haja uma escassez expressiva de empregados no setor de tecnologia. Esse é o ponto central do modelo, que se resume a identificar e abordar as necessidades e os valores do negócio.

Depois, o percentual de estudantes formados no ensino médio em ciências exatas ou tecnológicas na comunidade excluída deve ser considerável. Para o ponto de partida do projeto, deve haver ao menos um pequeno grupo de recém-formados em cursos superiores em áreas de STEM que estejam subempregados — são eles que vão se candidatar para trabalhar nas empresas pioneiras. O caso da Tsofen é um ótimo exemplo no qual o alto índice de subemprego dos recém-formados se casava com a enorme necessidade do setor por talentos. Contudo, quando indústrias locais de tecnologia não enfrentam grandes barreiras educacionais, essa condição deixa de ser importante.

Felizmente, as indústrias de tecnologia não são homogêneas quanto às demandas por talento e serão ainda menos à medida que a tecnologia e a automação se acelerarem. O setor emprega muitas pessoas que desempenham funções menos qualificadas e que não exigem educação superior, mas que, ainda assim, são mais bem remuneradas do que a média dos membros da comunidade excluída. Isso inclui cargos de controle de qualidade e de suporte técnico, bem como os que envolvem o desenvolvimento de monitoramento de conteúdo para internet. As instituições financeiras demandam uma grande quantidade de funcionários para manter seus sistemas automatizados. Em meio à automação de setores tradicionais, gerir um chão de fábrica tornou-se um trabalho especializado que prescinde de curso superior. Em alguns contextos, portanto, o modelo de Inclusão Tecnológica pode funcionar muito bem quando as indústrias locais de tecnologia não enfrentam grandes barreiras educacionais.

Em terceiro lugar, o modelo de Inclusão Tecnológica tem bons resultados em comunidades excluídas concentradas em uma região. A proximidade das pessoas de comunidades excluídas aumenta o impacto das ferramentas de conscientização, seja junto aos jovens da comunidade, aos estudantes universitários ou formados, bem como do ensino médio, ou a seus pais e à comunidade em geral.

Além disso, a ONG escolhida deve ter no cerne pessoas com credenciais tecnológicas e comerciais para atingir empresas de TI por meio de uma rede de contatos pessoais e profissionais, como resultado da confiança criada para conseguir o envolvimento das empresas. Ter membros que dominem assuntos tecnológicos e comerciais também permite que as adaptações necessárias em suas atividades de formação e contratação sejam feitas.

O modelo de Inclusão Tecnológica é instrumental para envolver a comunidade excluída no setor de alta tecnologia. Uma vez expandida a inclusão, nem todos os componentes do modelo mantêm-se igualmente necessários. Por exemplo, obstáculos enfrentados pelos candidatos para fazer parte de empresas tradicionais fora de sua região diminuem. Avançar de maneira fluida para as próximas fases da integração exige uma massa crítica de funcionários do setor de tecnologia da comunidade e ao menos uma pequena parcela de empresas de tecnologia que atuem dentro da comunidade. Esses dois fatores continuarão a aumentar a confiança da comunidade no potencial da alta tecnologia e a sustentar mudanças nos padrões e no foco da educação.

A Inclusão Tecnológica não é capaz de transformar a sociedade por conta própria. Problemas de desigualdade e exclusão exigem soluções sistêmicas que vão além desse modelo. No entanto, em áreas onde as indústrias de tecnologia são prósperas, o modelo de Inclusão Tecnológica permite que mais pessoas compartilhem da riqueza promovida por essas indústrias. Além disso, oferece uma forma de combater a crescente lacuna entre a pobreza paralisante das comunidades excluídas e a riqueza assombrosa produzida pela tecnologia.

Notas

1. Todos os nomes dos participantes neste artigo são fictícios para proteger suas identidades.

2. Escritório Central de Estatísticas de Israel, “Estimativa do Setor de TIC para 2015”, 7 de setembro de 2016.

3. Autoridade de Inovação de Israel e Start-Up Nation Central, High-Tech Human Capital Report 2019.

4. Eduardo Levy Yeyati, Martín Montané e Luca Sartorio, “What Works for Active Labor Market Policies?” Center for International Development at Harvard University, Faculty Working Paper No. 358, 2019.

5. A eficácia dos subsídios salariais está recebendo cada vez mais reconhecimento. Um tweet de 21 de setembro de 2021 da OECD Social, por exemplo, anunciou que um terço dos países da OCDE introduziu ou aumentou os subsídios de contratação para ajudar as empresas a recrutar mais jovens.

AS AUTORAS

Linda Jakob Sadeh é pesquisadora do Harry S. Truman Research Institute for the Advancement of Peace na Hebrew University of Jerusalem e consultora organizacional. Ela estuda e desenvolve estratégias de organização para combater desigualdades econômicas e políticas e resolver conflitos nacionais.

Smadar Nehab é uma experiente executiva da indústria de alta tecnologia, tendo comandado organizações de pesquisa e desenvolvimento em Israel e na Califórnia. É fundadora da Tsofen, organização sem fins lucrativos que busca integrar plenamente a comunidade árabe em Israel à indústria de alta tecnologia israelense. Ela também faz parte do conselho da Siraj Technologies Ltd., e faz uso da alta tecnologia para promover mudanças sociais de diferentes maneiras.



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