A próxima geração do mutualismo
Uma abordagem ecossistêmica para começar a investir e apoiar hoje o mutualismo que desejamos para o futuro
Por Sara Horowitz
V ocê sente quando entra em um espaço mutualista pela primeira vez – seja uma cooperativa de trabalhadores na Carolina do Norte, uma horta comunitária, uma cooperativa de trabalho e moradia, um grupo de cohousing em Nova York, um prédio sem fins lucrativos em Portland, Oregon, ou uma cooperativa social nos Alpes italianos.
Nesses lugares, você simplesmente se sente humano de um jeito que não acontece quando faz um pedido com um clique na Amazon ou passeia pelos corredores de uma loja de departamento.
Uma característica comum a todas essas cidades, espaços, regiões e projetos mutualistas é que as pessoas começaram localmente, construindo de baixo para cima. Elas formaram movimentos sociais, trabalharam juntas para resolver problemas compartilhados, criaram organizações economicamente sustentáveis e planejaram para o longo prazo. Conectaram-se em redes com lideranças capazes de organizar diversos grupos em torno de objetivos comuns, como o desenvolvimento econômico local. Quando redes e organizações mutualistas estão ativas, é possível criar um ecossistema – uma abundância de recursos compartilhados, experiência, capital social e financiamento, tanto centralizado como de base, tudo isso sustentando projetos voltados a uma grande variedade de necessidades comunitárias.
Ainda assim, o futuro das organizações mutualistas – que hoje incluem cooperativas, grupos religiosos, cooperativas de crédito, ONGs e sindicatos – está sob ameaça. Os mercados de capitais que poderiam investir em empresas sociais são desorganizados e de baixo impacto. Prefeituras, cidadãos, financiadores e agentes atuam de forma isolada, sem acesso a recursos compartilhados, conhecimento e financiamento coordenado.
O problema é que, nos últimos 35 anos, tanto a esquerda quanto a direita têm adotado políticas que impedem a próxima geração de construir empreendimentos mutualistas. A esquerda frequentemente rompe com a noção de um futuro mutualista ao insistir que todo problema precisa de uma solução governamental centralizada de grande escala. Já a direita promove apenas soluções de mercado competitivo para atender às necessidades humanas.
Para garantir que o mutualismo prospere na próxima geração, as comunidades precisam de leis, regulamentações, práticas e mercados de capitais que incentivem a solidariedade e o investimento fora de qualquer bolha específica. Para construir um ecossistema mutualista, é necessário que investidores enxerguem todo o ecossistema, além de uma única cooperativa, grupo religioso ou organização trabalhista.
Três princípios do mutualismo
Molly Hemstreet, que ajudou a lançar uma cooperativa têxtil de trabalhadores e um parque industrial comunitário em sua cidade natal, Morganton, na Carolina do Norte, exemplifica esse espírito mutualista.
Em apenas sete anos, a partir de 2008, Morganton evoluiu rapidamente de uma cidade têxtil desindustrializada para um novo tipo de polo econômico regional. Como parte dessa transformação econômica, Hemstreet fundou a Opportunity Threads, uma empresa têxtil de propriedade dos funcionários, com apenas uma máquina de costura e dois empregados.
Hemstreet passou a trabalhar com cooperativas locais, grupos cívicos, fabricantes, ONGs e o Rotary Club local – outros mutualistas de sua região – para lançar o Industrial Commons de Morganton, um projeto de desenvolvimento econômico sem fins lucrativos que criou o Carolina Textile District e outras quatro organizações comunitárias. Essa construção de redes gerou um ecossistema que já movimentou US$ 64 milhões para a economia regional. Isso impulsionou a venda de negócios locais estabelecidos para seus próprios trabalhadores, criando uma concentração regional de cooperativas de trabalhadores. Morganton, na Carolina do Norte, hoje é uma cidade que ilustra como o mutualismo constrói uma comunidade economicamente viável, onde os moradores estão no controle e fazem o trabalho.
A geração atual de mutualistas, como Hemstreet, segue um padrão encontrado ao longo da história. No que hoje são os Estados Unidos, Benjamin Franklin criou o primeiro banco e a primeira seguradora mutualista em 1752, após um incêndio devastador destruir grande parte da Filadélfia. Empreendimentos cooperativos e mutualistas também prosperaram em grupos utópicos como os Shakers – grupo religioso do século 18 nos EUA que vivia em comunidades autossuficientes e praticava a economia compartilhada, sendo um exemplo histórico de organização utópica com princípios mutualistas.
No século 21, surgiram a Estrada de Ferro Subterrânea e a formação de faculdades e universidades historicamente negras (HBCUs, na sigla em inglês). Ao longo dos séculos, trabalhadores formaram associações e sindicatos. Hoje, até mesmo o time de futebol americano Green Bay Packers é uma cooperativa mutualista, pertencente aos seus torcedores. Em todos os casos, pessoas com uma necessidade comum se uniram, identificaram uma solução e simplesmente começaram.
Esse padrão de “simplesmente começar” também está presente nas histórias de origem dos maiores movimentos cooperativos do mundo. Hoje, o setor cooperativo do norte da Itália tem uma receita bruta de cerca de US$ 6,1 bilhões; o ecossistema cooperativo Mondragón, na região basca da Espanha, movimenta cerca de US$ 14,5 bilhões; e as cooperativas e associações mutualistas de Quebec, no Canadá, contribuem com US$ 50 bilhões para o PIB do país. Cada um desses modelos começou com apenas algumas pessoas.
O mutualismo tem três princípios centrais:
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Uma comunidade solidária
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Um mecanismo econômico que sustenta a missão da comunidade
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Um horizonte de longo prazo, em que o valor econômico retorna para a comunidade
Ao examinar como cada um desses princípios funciona, podemos entender como os mutualistas criam algo maior do que a soma das partes.
O primeiro princípio: comunidade solidária
Mutualistas trabalham juntos, em solidariedade. Assim como a comunidade de Hemstreet construiu a Opportunity Threads, o reverendo Pastor Heber Brown organizou sua comunidade de paroquianos negros em Baltimore para formar a Black Church Food Security Network. Sua igreja organizou hortas no terreno da igreja. Como Hemstreet, o Pastor Brown apenas começou e se dedicou à construção comunitária.
Vemos o mesmo padrão em outras organizações mutualistas, escolas e redes. Jacob Imam cofundou a College of Saint Joseph the Worker, em Steubenville, em Ohio, onde os alunos se formam com um diploma universitário e uma habilidade profissional em construção. Bren Smith criou a GreenWave, uma rede de pescadores-agricultores. O fundador da cooperativa Mondragón, Padre José María Arizmendiarrieta, deu o primeiro passo fundando uma escola vocacional.
O mutualismo começa quando você identifica seu grupo – sua comunidade solidária. Existe algo que o grupo precisa fazer e que só pode ser realizado coletivamente. Os indivíduos percebem que isso só acontecerá se o grupo for bem-sucedido. Não se trata de caridade, nem de egoísmo. Ver que você compartilha um destino comum é o impulso mutualista.
Essa atividade coletiva exige que as pessoas desenvolvam competências para resolver diferenças. Você pode não gostar de alguém, mas tem um incentivo para resolver as coisas. Por isso, as organizações mutualistas ensinam às pessoas práticas cívicas importantes para a democracia. Sindicatos, grupos de direitos civis, grupos religiosos – todos ensinam definição de pautas, formação de lideranças e habilidades essenciais para a interconexão humana.
O segundo princípio: o mecanismo econômico
Diferente da antipatia conservadora em relação a governos centralizados, mutualistas reconhecem que o governo tem um papel na construção do setor. Enquanto há um ceticismo de progressistas em relação aos mercados, os mecanismos econômicos centrais dos mutualistas são agentes de mercado que cobram taxas, arrecadam contribuições, fazem trocas, criam círculos de empréstimo, oferecem serviços e reinvestem 10% de seus ganhos. A ideia central é que algo de valor econômico deve ser trocado entre pares, e esse valor deve ser reinvestido na comunidade para apoiar sua missão e objetivos.
Os mutualistas veem seus mecanismos econômicos como uma tábua de salvação para sustentar sua missão. Esse mecanismo está localizado dentro da própria atividade da comunidade, e todos os membros têm interesse no futuro de suas organizações – por exemplo, trabalhadores sindicalizados que pagam contribuições para representação sindical, fundos de greve e propriedades pertencentes ao sindicato. Mas os exemplos de mecanismos econômicos mutualistas são muitos e variados.
No fim dos anos 1980, no Quênia, grupos de mulheres locais começaram a criar sistemas financeiros autogeridos para reunir recursos e acessar crédito. O mecanismo econômico criado por elas é chamado de chamas ou VSLAs (sigla em inglês para grupos de poupança e empréstimo das vilas). Shaila Agha, da Regen Foundation, documentou como esse modelo de financiamento centrado na comunidade supre lacunas do sistema bancário formal – além de ter crescido para contemplar mais de 300 mil participantes.
Outro exemplo interessante vem da First Book, uma organização sem fins lucrativos que oferece livros para crianças por meio de uma rede com mais de 600 mil educadores que atendem 6,5 milhões de crianças. A cofundadora Kyle Zimmer e sua equipe lançaram o First Book Marketplace, um mercado acessível apenas a educadores e profissionais membros da rede da organização, como uma forma de oferecer materiais de aprendizagem com grandes descontos – ao mesmo tempo em que gera 30% dos US$ 80 milhões de receita anual da entidade. Quando se consideram as doações em espécie de livros e recursos educacionais feitas por membros da rede e distribuídas por meio do marketplace, essa parcela de 30% sobe para 89% da receita anual. O mecanismo econômico aqui serve à missão da First Book e fornece materiais educacionais adicionais de que os membros precisam.
Enquanto isso, as cooperativas de Mondragón, na região basca da Espanha, os movimentos cooperativistas italianos e os de Quebec contribuem com cerca de 3% de seus lucros para um fundo central de “reservas indivisíveis”, usado para investir em futuras cooperativas. Essa infraestrutura financeira dedicada é exatamente o motivo pelo qual esses países continuam a apresentar grande crescimento nesse setor.
A organização onde trabalho atualmente, a The Mutualist Society, criou a primeira versão de um mecanismo econômico ao convidar mutualistas ativos a liderarem pequenos grupos de aprendizagem entre pares, que chamamos de pods. Em seguida, convidamos novos entusiastas do mutualismo a pagar uma taxa por essa atividade educativa. Ao dar o primeiro passo com a contribuição de tempo, os grupos podem começar a desenvolver estratégias para gerar receita e construir um mecanismo econômico.
O terceiro princípio: horizontes a longo prazo
É essencial que mutualistas construam continuidade comunitária. Um grupo solidário tem motivos para se reunir que podem durar alguns meses – ou atravessar gerações. Os fiéis que organizaram sua primeira horta comunitária com o Pastor Brown estavam focados nos próximos projetos que surgiriam a partir dela. Eles se conectaram com agricultores negros para criar uma feira semanal aos domingos na igreja, e depois construíram uma rede de organizações religiosas que replicaram o modelo, formando uma conexão em rede por todos os EUA.
Mesmo quando Hemstreet começou com uma máquina de costura e dois funcionários, o Pastor Brown com uma horta na igreja, e o Padre Arizmendiarrieta com um único programa de formação, todos tinham em comum uma linha condutora, uma intuição e um compromisso profundo com sua comunidade que orientava os rumos futuros.
Como disse a artista norte-americana Georgia O’Keeffe: “Ver leva tempo.” A parte essencial do mutualismo é permitir que os grupos tenham tempo para emergir.
Fortalecendo o setor mutualista
Para que um setor mutualista possa emergir e florescer, mutualistas precisam de uma estrutura organizada e vertical que os apoie em três níveis – início, financiamento de próximo nível e crescimento.
Nível 1: Apenas comece
Empreendedores sociais mutualistas arregaçam as mangas e começam com sua comunidade local e um grupo de colaboradores. Mas eles precisam de apoio. Governos, filantropias e empreendimentos mutualistas maiores precisam ajudar a criar grandes grupos de novos empreendedores sociais mutualistas e conectá-los ao capital apropriado.
Modelos incluem o programa de fellows da Ashoka (do qual Molly Hemstreet, Bren Smith e o Pastor Brown participaram), o Programa de Bolsas Urbanas de Nova York (NYC Urban Fellowship) e o Desafio Global de Prefeitos da Bloomberg Philanthropy. No setor com fins lucrativos, a incubadora de tecnologia Y Combinator e o ecossistema que ela apoia servem de modelo para investidores mutualistas, já que ajudam startups a avançarem da fase inicial para o próximo estágio de financiamento. Eles reúnem grupos de fundadores para formação e redes de contato, e depois os integram a um ecossistema mais amplo de ex-participantes do Y Combinator, investidores e outros atores do mundo do capital de risco.
Nível 2: Financiamento mais robusto
Obter um financiamento mais avançado é a parte na qual fundadores de empreendimentos com fins lucrativos iniciam o caminho rumo à riqueza – e fundadores do setor sem fins lucrativos muitas vezes acabam na penúria. Então, como podemos incentivar a criação e o crescimento de empreendimentos sociais mutualistas? Algumas estratégias econômicas fundamentais incluem a readequação e atualização de créditos fiscais, estratégias de empréstimos e propostas de mercado:
– As Instituições Financeiras de Desenvolvimento Comunitário (CDFIs, na sigla em inglês) hoje são usadas para apoiar atividades empresariais locais e cooperativas. As CDFIs devem ser ampliadas para incluir uma gama mais ampla de mutualistas como sindicatos, cooperativas, bancos e seguradoras mutualistas.
– A Lei de Reinvestimento Comunitário (CRA, na sigla em inglês) exige que os bancos cumpram requisitos de crédito nas comunidades que atendem. Os bancos deveriam ser obrigados a incluir entidades mutualistas como parte de sua obrigação na CRA.
– Os EUA precisam de sua própria versão das reservas indivisíveis para permitir que setores reservem capital de uma geração para a outra. É necessário expandir práticas contábeis, fiscais e financeiras existentes que possibilitem aos mutualistas construir um sistema mais amplo de reservas indivisíveis.
Nível 3: Um novo mercado de capital mutualista
Hemstreet pode ter começado com uma máquina de costura e dois funcionários, mas, nos últimos anos, a organização regional de desenvolvimento que ela co-lidera recebeu financiamentos importantes dos governos estadual e federal, injetando dezenas de milhões de dólares no ecossistema mutualista local.
Esse tipo de oportunidade precisa crescer significativamente para fortalecer a organização mutualista. Algumas outras estratégias para construir um mercado de capital mutualista em larga escala incluem:
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As fundações deveriam ampliar consideravelmente os investimentos relacionados a programas (PRIs, na sigla em inglês), que são, tecnicamente, empréstimos de custo extremamente baixo realizados como parte das distribuições filantrópicas das fundações. Os PRIs são ideais para organizações mutualistas que precisam crescer, pois oferecem empréstimos com juros abaixo do mercado. Por meio deles, as fundações poderiam criar caminhos rumo à sustentabilidade financeira para grupos emergentes de ajuda mútua ou esforços locais de reconstrução comunitária após desastres naturais. No entanto, poucas fundações têm investido significativamente nesse tipo de financiamento.
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Focar a contratação pública em organizações mutualistas para ações de recuperação de desastres, energia renovável e práticas de agricultura regenerativa. Governos federal, estadual e municipal podem direcionar chamadas públicas especificamente para fornecedores mutualistas. A contratação pública pode criar uma fonte estável de receita, a partir da qual as organizações constroem seu histórico de atuação. Um histórico comprovado ajuda qualquer negócio – inclusive os mutualistas – a obter empréstimos, subsídios e investimentos. Por exemplo, o prefeito de uma pequena cidade poderia firmar contratos com agricultores locais organizados em cooperativas para fornecer treinamento a agricultores urbanos e suprir alimentos frescos. Com o tempo, essas cooperativas poderiam disputar contratos maiores e expandir suas operações. Outras cidades poderiam buscar grandes mutualistas já existentes, como sindicatos, para revitalizar iniciativas de cooperativas habitacionais de capital limitado – que ajudam a ancorar comunidades e estabilizar os preços da moradia para os cooperados.
Hoje, mutualistas que conseguem se lançar com sucesso no setor social enfrentam um mercado desorganizado de capitais, composto por fundações e filantropos. Muitos financiadores sequer reconhecem uma categoria específica para iniciativas mutualistas ou estão ocupados implementando estratégias de “impacto” elaboradas por consultores de gestão, em vez de construir soluções a partir das bases.
O ecossistema mutualista do futuro começa agora
Um novo ecossistema mutualista surgirá quando duas coisas acontecerem simultaneamente.
Primeiro, os próximos grupos mutualistas precisarão se formar e surgir para resolver suas necessidades coletivas. Diferentes grupos podem começar isoladamente, mas o poder de seus modelos será plenamente realizado quando adotarem uma perspectiva de ecossistema em seu trabalho. Essa perspectiva de ecossistema oferece um mapa mutualista para atuar em colaboração e de forma complementar com outros grupos religiosos, sindicatos, cooperativas, empreendedores sociais, redes de ajuda mútua e organizações comunitárias ao seu redor.
Segundo, os novos investidores e financiadores precisam estar prontos para mobilizar capital mutualista quando esse momento chegar. Investidores precisam adotar uma nova visão, que os leve a enxergar o ecossistema como um todo e compreender o ciclo de vida completo dessas iniciativas. Assim, poderão identificar em que parte do processo desejam contribuir.
Quando essas duas coisas acontecerem, as possibilidades futuras poderão incluir, por exemplo, sindicatos revitalizando suas estratégias de cooperativas habitacionais dos anos 1920 e 1930, com apoio de incentivos fiscais e capital mutualista. Prefeitos e associações comunitárias poderão desenvolver estratégias de energia renovável hiperlocais, geridas pela própria comunidade. Novos grupos de advocacy poderão se organizar para corrigir o fluxo de financiamento federal e estadual, de forma que futuros mutualistas possam receber subsídios iniciais. Grupos religiosos poderão usar suas terras para reinventar hortas comunitárias, cultivando tanto vegetais frescos quanto vínculos de convivência.
Ao simplesmente dar o primeiro passo, com o apoio de investidores e financiadores com visão transformadora, os novos mutualistas desempenharão um papel essencial: aprender com os modelos sólidos do passado criados por líderes comunitários, desenvolvedores de habitação cooperativa, sindicalistas, jardineiros e idealistas. A partir desse aprendizado, irão testar, experimentar e, por fim, construir os ecossistemas mutualistas do amanhã – que são exatamente o que precisamos hoje.
A AUTORA
Sara Horowitz é fundadora da Mutualist Society. Anteriormente, ela fundou o Freelancers Union e é autora do livro Mutualism: Building the Next Economy From the Ground Up.