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Histórias da SSIR pelo Mundo

Seleção de artigos escolhidos pelos editores das edições internacionais da Stanford Social Innovation Review e os motivos que os levaram a compartilhá-los com seu público local.

Por Editores das Edições Internacionais da SSIR

Edições globais SSIR
Illustração: iStock/Grace Maina

 

Ao longo do último ano, os editores das seis edições globais da Stanford Social Innovation Review selecionaram, traduziram e publicaram, cuidadosamente, dezenas de artigos que, segundo acreditam, vão informar e inspirar seus leitores. Alguns desses se destacaram como particularmente relevantes e significativos para as comunidades de inovação social nas regiões atendidas, incluídos o mundo árabe, Brasil, China, Japão, Coreia e uma gama de países hispanofalantes. Ecossistemas de inovação e áreas afins variam sobremaneira entre os países, mas os textos selecionados pelos editores apresentam um tema em comum: o uso da inovação para promover equidade e inclusão. Na verdade, editores de dois países diferentes selecionaram o mesmo artigo. Vejamos, a seguir, de que maneira as histórias os impactaram e por qual razão.

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SSIR Coreia

ARTIGO |Priorizar a Equidade no Impacto Coletivo por John Kania, Junious Williams, Paul Schmitz, Sheri Brady, Mark Kramer e Jennifer Splansky Juster

A Coreia viveu uma transformação extremamente dramática ao longo das últimas décadas. Outrora um país dependente de ajuda internacional, a Coreia é, atualmente, uma das dez maiores economias do mundo. Essa mudança drástica provocou tanto oportunidades quanto desafios. Enormes diferenças de renda e crescentes disparidades regionais criaram uma clara hierarquia de classe, ainda que latente. Esse interiorizado dilema quanto à desigualdade segue visível também na cultura pop. O agora famoso filme Parasita e o seriado Round 6 retratam como indivíduos diferentes em um círculo de desigualdade socioeconômica acabam enredados em uma cadeia de tragédias terríveis.

O artigoPriorizar a Equidade no Impacto Coletivo” uma vez mais assegura aos leitores coreanos que o impacto coletivo oferece respostas perspicazes para um problema profundamente enraizado por eles enfrentado. Em especial, fornece uma estrutura universal que explica de que maneira diferentes instituições – privadas, públicas e do terceiro setor – podem trabalhar juntas para progredir de maneira sustentável e ampliável em direção a uma maior equidade. A Coreia apresenta um cenário singular no qual os governos desempenham um papel importante na concretização do impacto social. Junto com um terceiro setor desenvolvido e um setor privado ativo, poderemos ver em breve mais casos de impacto coletivo de sucesso no país.

Muitos concordariam que o impacto coletivo é crucial para resolver problemas sociais complexos. O artigo ressalta que o processo não deve ser dominado por alguns poucos privilegiados e oferece estratégias práticas para garantir que todos os stakeholders sejam ouvidos. Essa é uma representação sistemática do “não abandonar ninguém”. É, ainda, oportuna, dadas as discussões acaloradas acerca de como criar mais equidade entre pessoas com deficiência, mulheres e outros grupos marginalizados na Coreia. – Os editores da SSIR Coreia

SSIR Em Espanhol

ARTIGO |O Fim da Vergonha e da Pobreza Menstrual na Ásia” por Noriko Akiyama, Fan Li e Wenquian Xu

Um dos principais objetivos da SSIR Em Espanhol é dar voz a comunidades hispanofalantes de inovação social. Para isso, precisamos entender nosso público singular – e uma característica desse público é o fato de que dois terços dos nossos leitores são mulheres latino-americanas entre 18 e 40 anos. Essas leitoras recebem muitos anúncios de sapatos em suas redes sociais, e há algo que podemos aprender com o marketing da moda: as empresas não deixam os sapatos nas prateleiras esperando que as pessoas os encontrem, mas escolhem uma modelo para calçá-los e mostrá-los em ação. Em vez de esperar que nosso público jovem apenas leia o que está na prateleira, nós pensamos nos artigos como ponto de encontro para discussões entusiasmadas, em que especialistas, profissionais e leitores se conectam e discutem a respeito dos desafios da vida real.

A escolha de “O Fim da Vergonha e da Pobreza Menstrual na Ásia” foi fácil, em parte porque fizemos uma pesquisa com nosso público nas redes sociais e descobrimos que ele queria ler sobre inovação social relacionada a gênero. Contudo, não foi um artigo simples de publicar, uma vez que o texto viajou por cinco idiomas diferentes antes de ser apresentado aos leitores: japonês, coreano, mandarim, inglês e espanhol. Além disso, abordava um assunto ainda tabu nas culturas asiática e latino-americana. Como discutimos com Fan Li, editora da SSIR China e coautora da história original, é preciso, de alguma maneira, coragem – além de ser algo desafiador – para levá-lo para o debate público.

Por esse motivo, precisamos abordar o tema de  um modo mais visual e didático. Começamos produzindo um pequeno vídeo sobre pobreza menstrual que explicava o assunto, destacando sua relevância para 21% da população mundial e propondo ações individuais e coletivas para resolver tal questão. Também convidamos duas empreendedoras de femtechs da Argentina e do México para partilhar suas experiências usando tecnologia e design para auxiliar mulheres no que diz respeito a sua saúde. Por fim, cocriamos uma newsletter com Thali Luján, defensora da educação menstrual para crianças, orientando as pessoas a como falar sobre saúde menstrual.

Publicar este artigo não apenas nos aproximou da família internacional da SSIR mas também ofereceu aos leitores uma sensação de solidariedade e consciência acerca de um problema comum para mulheres em todo o mundo. Nossos vídeos atingiram 72.500 visualizações e 142 comentários, estimulando diálogos em toda a América Latina. Atualmente, é o terceiro artigo mais lido do nosso site. – Andrea Gonzalez, editora, e Carla Aguilar, editora adjunta da SSIR Em Espanhol

SSIR China

ARTIGO | “Despertar Astuto” por Avichai Scher

A SSIR China decidiu publicar esta história porque ela destaca a importância da aliança e do impacto coletivo que podem ser gerados quando uma variedade de organizações e pessoas trabalha em conjunto. A ideia do autor, “Colocar a inclusão digital no cerne da filantropia exige a construção de um movimento que vai além de um único financiamento”, realmente causa impacto em nosso público.

Além disso, também está alinhada com o trabalho que desenvolvemos no Leping Foundation’s Diversability Lab, centro de troca de conhecimento, experiência e recursos que tem como objetivo construir uma rede de contatos entre atores que se dedicam à inclusão de pessoas com deficiência. Neste ano, a equipe da B Corps China e a do Diversability Lab lançaram um novo projeto: a B em Ação. A iniciativa vai promover colaboração e comunicação entre empresas do sistema B (incluídas as empresas de certificação B da China, mas não se limitando a elas). Em especial, procura fomentar mais ações e mudanças no que diz respeito a inclusão de pessoas com deficiência e a seu bem-estar.

Até o momento, 75 empresas fazem parte dessa aliança. “Despertar Astuto”, junto com outros artigos da série Priorizar a Deficiência, ofereceu à iniciativa pontos de vista, experiências e orientações valiosas ao longo do caminho. Nós acreditamos que essa interação entre conhecimento e prática é o que faz com que a SSIR se sobressaia e seja adorada pelos membros da comunidade de inovação social. – Os editores da SSIR China

SSIR Arábia

ARTIGO |O que Programas de “Mais Dinheiro” Nos Ensinam sobre o Combate da Pobreza Extrema” por Imran Matin

Nós consideramos bastante perspicaz a abordagem pioneira de empoderar populações carentes descrita neste artigo. Transferir dinheiro ou fazer pagamentos diretos para ajudar pessoas carentes, de maneira inovadora e coordenada, ainda não é o padrão no mundo árabe. ONGs e doadores relutam em adotar modelos de transferência de dinheiro porque não têm uma visão holística sobre como trabalham e como podem ser realmente eficazes.

Isso limita seu potencial de impacto. Diferentes relatórios, como do Banco Mundial, indicam que a maior parte dos programas de transferência de dinheiro no mundo árabe se concentra em atender às necessidades imediatas de comunidades vulneráveis, em vez de se voltar para a criação de realidades novas e duradouras para esses grupos. O artigo apresenta um modelo de programa abrangente que oferece aos beneficiários treinamento para aprender a administrar receitas e despesas, ajudando-os a obter uma receita sustentável e a ter maior sensação de controle em relação a sua subsistência.

A história impactou os leitores de língua árabe, atraindo muitas visitas e compartilhamentos nas redes sociais. – Os editores da SSIR Arábia

SSIR Japão

ARTIGO |Inclusão Tecnológica para Comunidades Excluídas” por Linda Jakob Sadeh e Smadar Nehab

Este artigo mostra como é importante para empresas de tecnologia levar suas operações a comunidades excluídas para efetivamente ampliar a diversidade, a igualdade e a inclusão, e foi embasado por um estudo de caso em Israel, onde há muito os palestinos foram excluídos da próspera indústria de tecnologia israelense.

A princípio, pensei que a história pudesse ser muito remota para os leitores japoneses quanto à proximidade geográfica e ao contexto religioso. Contudo, à medida que a lia, percebi haver similaridades com a relação entre as mulheres e a indústria de tecnologia japonesa. Ainda que as mulheres não se encontrem geograficamente isoladas das empresas de tecnologia, é baixa a porcentagem de mulheres que fazem cursos superiores em ciência e engenharia, e poucas trabalham na indústria de tecnologia.

Embora somente uma política de oportunidades iguais para ingresso em faculdades técnicas ou para empregos em empresas de tecnologia não consiga, por si só, diminuir essa lacuna, o Instituto de Tecnologia de Tóquio anunciou, recentemente, uma nova forma de ingresso com cotas para estudantes mulheres. A esperança é aumentar a proporção de alunas de 13% para 20% ou mais. Isso pode parecer o velho paradigma de inclusão de levar as comunidades excluídas para a indústria (via universidade) em vez de levar a indústria para as comunidades excluídas, como é visto no artigo. No entanto, essa tentativa assertiva de aumentar a inclusão, promovida pela principal universidade de ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, na sigla em inglês) do Japão, está gerando controvérsia, e isso, em si, pode ser um bom início rumo ao caminho certo. – Ai Nakajima, editora da SSIR Japão

SSIR Brasil

ARTIGO |Inclusão Tecnológica para Comunidades Excluídas” por Linda Jakob Sadeh e Smadar Nehab

A primeira edição da Stanford Social Innovation Review Brasil foi publicada este ano. Entre os artigos presentes, este se destacou pela possibilidade de ajudar a lidar com um desafio crucial para a sociedade brasileira: a inclusão. Empreendedores sociais brasileiros lutam pela inclusão de diversas maneiras e em diferentes frentes – incluído o acesso a trabalho, crédito, educação, saúde e inclusão social –, mas ainda há muito a ser feito.

Ainda que o estudo de caso que fundamenta o artigo venha do outro lado do mundo, acho que, à medida que se revela, o texto se mostra cada vez mais familiar. A mesma falta de oportunidade para uma enorme parcela da população e a imensa desigualdade descritas no artigo também caracterizam a sociedade brasileira. E independentemente de as principais barreiras impostas à diversidade, à equidade e à inclusão estarem ligadas, no Brasil, à pobreza e à cor da pele, em vez de à religião, as estratégias apresentadas no artigo podem ser reproduzidas e adaptadas também em nossa sociedade. O artigo sinaliza que, embora muitos problemas sociais sejam, infelizmente, universais, as soluções desenvolvidas em outros lugares podem ser adequadas a diferentes regiões.

As ideias, teorias e práticas expostas em artigos como este enriquecem as discussões e levam esperança, conhecimento e experiências para as pessoas que trabalham em busca de soluções em todos os cantos do planeta. – Ana Claudia Ferrari, editora da SSIR Brasil



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