Como integrantes da Missão Ásia, em uma viagem recente à China para explorar o que o Brasil pode aprender com o “futuro” nos surpreendemos com os imensos avanços tecnológicos: cidades hiperconectadas, infraestrutura aeroviária impressionante e uma integração entre tecnologia e vida cotidiana que surpreende em escala e sofisticação.
Parte desse “futuro possível” moderno e eficiente, entretanto, também nos causava estranheza. Em visita a uma escola internacional tecnológica, acompanhamos uma aula de inglês na qual cerca de 30 alunos chineses entre 9 e 10 anos de idade, uniformizados e sentados em suas carteiras, pareciam aprender com muita energia e rapidez. Ainda assim, algo nos inquietava: a disciplina e precisão dos movimentos aparentavam ser quase robotizadas. As crianças permaneciam sentadas com as costas eretas, as mãos na mesma posição, reagindo em uníssono aos comandos da professora: “Olhos nos meus”, “Levantem-se”.
Apesar da impressão de eficácia, era difícil conceber, naquele ambiente, espaço para o improviso, o erro ou a diversidade. Mesmo diante de algo que claramente funcionava tão bem, era inevitável nos perguntarmos se um sistema projetado sob a ótica de padronização conseguiria, de fato, acolher a criatividade, a pluralidade e o pensamento crítico.
Mais tarde, em conversa com a administração da escola, entendemos que por trás de toda eficiência e disciplina, havia um sistema de ensino que utiliza reconhecimento facial e análise de microexpressões para mensurar, em tempo real, quantas vezes cada aluno levantava a mão, participava ou desviava a atenção. O diretor também nos mostrou como conseguia saber a qualquer momento quais crianças estavam “felizes, sérias, naturais, confusas ou frustradas” – todos esses dados usados para mensurar o sucesso das aulas e o desempenho dos professores.
Ficou claro que o modelo é altamente eficiente e escalável, permitindo acesso à educação para muitas crianças no país. De acordo com dados da Unesco, a China vem investindo mais de 4% do Produto Interno Bruto nacional em educação nos últimos 11 anos, e em 2023 a taxa de matrícula na educação pré-escolar atingiu 91,1%.1 De 1970 até 2023, o número de inscritos em universidades chinesas saiu de 0,15% para 75%.2 No Brasil, o aumento teve um ritmo mais lento, de 5% para 60%3 no mesmo período.
O que podemos aprender com o modelo chinês de desenvolvimento tecnológico, e o que vale a pena fazer diferente? A visão de futuro que observamos parecia bastante orientada à hipereficiência, à vigilância e ao controle. Ao mesmo tempo, mostrava grande capacidade de inclusão e de inovação, com tecnologia, infraestrutura e serviços públicos bastante integrados. A grande pergunta é: como planejar um futuro para o Brasil que se inspire na capacidade chinesa de escalar tecnologia e promover inclusão, mas que, ao mesmo tempo, preserve e valorize aquilo que nos torna únicos: nossa profunda diversidade cultural, genética, geográfica e social? Longe de ser obstáculo, a diversidade é uma vantagem estratégica. É justamente ela que pode tornar nossas soluções mais adaptáveis, humanas e relevantes para o mundo.
A ecologia como inspiração
Ecólogos observam que ecossistemas diversos tendem a ser mais resilientes a perturbações. A variedade de espécies e funções ecológicas atua como um “seguro” natural: se uma espécie sucumbe a um evento extremo, outra com papel similar pode assumir sua função, preservando a estabilidade do sistema. Por exemplo, florestas tropicais com alta diversidade de espécies e funções no ecossistema se abalam menos após secas ou tempestades, mostrando maior capacidade de adaptação às mudanças do clima. Em contraste, áreas menos diversas, como algumas monoculturas, chegam a colapsar quando enfrentam estresses ambientais.4
Quanto maior a diversidade de formas de vida e interações num ecossistema, mais robusto e resiliente ele será frente a mudanças. Essa lição da ecologia – de que a diversidade é um pilar de estabilidade e resiliência – serve de base para pensarmos outros tipos de sistemas complexos. E o que acontece quando falta diversidade? Em vez de robustez, fragilidade. Isso é especialmente evidente quando olhamos para os sistemas de inteligência artificial (IA).
Assim como um ecossistema empobrecido é mais vulnerável a colapsos, uma IA construída a partir de uma base de dados limitada ou enviesada também se torna frágil e propensa a reproduzir distorções. Por mais sofisticadas que pareçam, as inteligências artificiais são modelos estatísticos: aprendem padrões a partir dos dados com os quais são alimentadas. Se esses dados forem enviesados – por exemplo, com muito mais imagens de cientistas ou doutores homens –, a IA tenderá a reproduzir e reforçar esses padrões. Nesse caso, poderia concluir que homens são mais aptos a determinada profissão. A falta de diversidade nos dados que alimentam os modelos pode comprometer a robustez e a confiabilidade desses sistemas. E os impactos disso podem ser graves, especialmente com as evoluções da tecnologia, incluindo o uso amplo de Large Language Models (LLMs), como o ChatGPT, e o desenvolvimento de agentes autônomos baseados em IA que começam a tomar decisões no nosso lugar.
Estudos recentes confirmam esse risco. Um artigo de 20245 mostrou que LLMs frequentemente geram textos com níveis de viés superiores aos da linguagem humana, especialmente contra grupos interseccionais, como mulheres negras, que são retratadas com papéis mais passivos ou subordinados. Outro estudo6 revelou que modelos como o GPT mantêm associações estereotipadas entre gênero, pronomes e papéis sociais em todos os idiomas analisados, reforçando padrões excludentes. Na área da saúde, esses riscos também se manifestam com consequências diretas para a vida das pessoas. Uma análise conduzida pela University College London7 mostrou que algoritmos de IA treinados para prever doenças hepáticas a partir de exames de sangue apresentavam viés de gênero significativo: os modelos foram duas vezes mais propensos a não detectar a doença em mulheres do que em homens, com taxas de erro de 44% para mulheres e 23% para homens.9 Esses exemplos revelam um padrão: quando sistemas são pensados a partir de uma perspectiva enviesada, mesmo que não intencional, podem não apenas reproduzir, mas também amplificar desigualdades já existentes. E os efeitos da exclusão recaem quase sempre sobre os mesmos grupos e, com frequência, passam despercebidos exatamente por quem nunca teve de enfrentá-los.
Para ilustrar um viés de gênero bastante corriqueiro: você já reparou como banheiros públicos femininos são sempre lotados, enquanto masculinos raramente têm fila? Isso acontece porque, na maioria dos projetos arquitetônicos, considera-se o mesmo espaço e número de sanitários para homens e mulheres, partindo do pressuposto de que ambos ocuparão metade do ambiente. Mas por que o espaço é igual, se é sabido que mulheres, por razões fisiológicas e práticas, demoram mais? Se você já notou esse problema, há grandes chances de ser mulher – porque sente isso na pele. E o mesmo vale para a tecnologia: o time que desenvolve um sistema é diverso? Existem pessoas com diferentes vivências que possam identificar os pontos cegos e os vieses antes que eles causem danos reais?
A diversidade, seja biológica, social ou de experiências, é uma condição essencial para o desenvolvimento de sistemas resilientes, justos e sustentáveis. Para minimizar os riscos de exclusões e desigualdades não intencionais, é fundamental garantir que os times envolvidos no desenvolvimento de tecnologias sejam diversos em termos de gênero, etnia, orientação sexual, características cognitivas, localização, situação e classe social etc. A diversidade também deve estar presente nas bases de dados que informam a IA, e em seus potenciais usuários.
Com a concentração do desenvolvimento dos modelos de linguagem (LLMs) mais utilizados em poucos países e empresas – como Open AI, Google, Anthropic e Meta –, aumentam os riscos de perda de diversidade linguística e cultural no ecossistema digital. Treinados majoritariamente em inglês e ancorados em visões de mundo do Norte Global, esses sistemas que agora estão no cotidiano de muitos brasileiros tendem a refletir e reforçar padrões homogêneos – negligenciando realidades locais, idiomas minoritários e contextos sub-representados no mundo digital.
Para começar a mudar esse cenário, precisamos (i) investir em infraestruturas de dados diversas e governadas de forma responsável, (ii) promover a diversidade entre os desenvolvedores de tecnologia e (iii) fomentar o acesso e alfabetização digital crítica para a população. Projetar tecnologias a partir de perspectivas únicas não é apenas perigoso, mas ineficiente. Por isso, a pergunta que fica é: podemos aproveitar um grande diferencial do Brasil e contribuir para um futuro tecnológico mais diverso, inclusivo e humano?
A força da diversidade brasileira
O debate global sobre inteligência artificial é frequentemente apresentado como um dilema binário – como no famoso experimento em ética chamado “dilema do bonde”,8 instituições sentem-se obrigadas a escolher entre dois caminhos ruins: adotar rapidamente tecnologias de IA, assumindo riscos éticos e sociais, ou evitar seu uso e, assim, ficar para trás em inovação e competitividade. Como destacado em recente artigo da New America Foundation,9 essa lógica leva a decisões reativas e polarizadas, em que instituições oscilam entre a adoção acrítica da IA e a paralisia por medo dos riscos.
No entanto, temos a oportunidade de pensar um terceiro caminho que vá além dessa dicotomia. Com sua rica diversidade cultural, social e ecológica, o Brasil (e o mundo) pode escolher a via do desenvolvimento de ferramentas de IA que sejam mais inclusivas e alinhadas com os contextos e necessidades locais. Essa escolha, em vez de ser um atraso, pode representar uma vantagem competitiva na corrida global pela IA: ao priorizar diversidade e inclusão, oferece soluções mais robustas e adaptáveis aos nossos desafios.
É natural sentirmos medo diante de todos os desafios que a IA nos traz. Redução de empregos, erosão de privacidade, impactos na cognição e amplificação de vieses são preocupações reais e que necessitam enfrentamento premente. No entanto, também há espaço para entusiasmo. A IA oferece muitas possibilidades de melhoria, com exemplos concretos de uso ético e transformador no Brasil, que não apenas consome, mas também já propõe tecnologia inovadora e orientada por nossos maiores diferenciais competitivos.
Na área de meio ambiente, a startup Bioverse está utilizando IA, imagens de satélite e drones para desenvolver soluções de monitoramento ambiental e mapeamento da biodiversidade em florestas tropicais, contribuindo para esforços de empresas parceiras (como a Natura)10 na otimização da conservação da biodiversidade, recuperação de áreas degradadas e monitoramento de estoques de carbono. Como outro exemplo adaptado ao contexto brasileiro, a climatech umgrauemeio foi pioneira em desenvolver um sistema de IA inovador para detecção e resposta rápida a incêndios florestais, um problema global que tem se intensificado nos últimos anos.11
Já na saúde, o Brasil tem um grande diferencial competitivo – é um dos países mais geneticamente diversos do mundo,12 o que nos torna especialmente bem posicionados para o desenvolvimento de tecnologias de saúde mais representativas e generalizáveis. Isso significa que modelos de IA e fármacos desenvolvidos com dados da população brasileira têm maior chance de funcionar em diferentes contextos globais do que os importados funcionarem aqui.
Usando essa potencialidade a seu favor, a startup Huna, da qual uma das autoras é cofundadora, reuniu a maior base de hemogramas rotulados para câncer de mama já publicada,13 com dados de diferentes regiões brasileiras e sistemas de saúde. Com esses dados, desenvolveu um modelo de IA capaz de identificar mulheres com maior risco de desenvolver a doença, priorizando seu acesso à mamografia. A solução está sendo implementada no Sistema Único de Saúde (SUS) e em planos privados – um exemplo concreto de como a IA pode reduzir desigualdades e gerar impacto real. Agora, com resultados promissores no Brasil, a startup se prepara para iniciar um processo de internacionalização, de modo a ampliar o alcance da tecnologia e poder beneficiar outras populações diversas ao redor do mundo.
COM SUA RICA DIVERSIDADE CULTURAL, SOCIAL E ECOLÓGICA, O BRASIL (E O MUNDO) PODE ESCOLHER A VIA DO DESENVOLVIMENTO DE FERRAMENTAS DE IA QUE SEJAM MAIS INCLUSIVAS E ALINHADAS COM OS CONTEXTOS E NECESSIDADES LOCAIS
A inteligência artificial já está moldando o presente – com riscos relevantes, mas também com enorme potencial de transformação e geração de valor. Com mecanismos de governança adequados e um olhar mais diverso e estratégico para o desenvolvimento da tecnologia, a IA pode vir a ser uma aliada inclusive na correção de disparidades históricas. No Brasil, vemos aplicações concretas da IA ampliando o acesso à saúde e à educação, e apoiando a preservação ambiental. Mas para que esses impactos sejam sustentáveis e escaláveis, é fundamental desenvolver tecnologias alinhadas ao nosso contexto – com diversidade de dados, experiências e perfis de usuários, incluindo aqueles historicamente marginalizados.
Abraçar a IA com ambição não significa escolher entre eficiência e humanidade. Significa projetar soluções que ampliem nossa experiência humana, gerem inclusão e contribuam para um futuro mais resiliente. O Brasil tem uma oportunidade única de liderar esse movimento dos países em desenvolvimento com inovação relevante, ética e globalmente aplicável.
Um futuro digital mais resiliente
O Brasil tem uma contribuição única e potente a oferecer para a construção de um futuro digital mais inclusivo, diverso e humano. Esse diferencial vem justamente da nossa enorme diversidade étnico-racial, linguística, ecológica e cultural – incluindo nossas raízes culturais plurais, saberes tradicionais e criatividade social. Mais do que um valor, essa diversidade é também uma oportunidade de inovação, inclusão e protagonismo internacional.
À medida que a inteligência artificial se expande globalmente, cresce também a percepção de que sistemas treinados com dados homogêneos produzem soluções enviesadas e pouco eficazes em contextos diversos. Já modelos construídos a partir da diversidade tendem a ser mais robustos, adaptáveis e escaláveis.
Nesse cenário, o Brasil se destaca: além de centros de excelência científica, temos uma das populações mais diversas e um território de complexidade única. Desenvolver tecnologias com essa diversidade de dados e de pontos de vista é uma vantagem competitiva que pode ampliar a capacidade de resolver problemas reais e mitigar riscos reputacionais e regulatórios.
Ao mesmo tempo, promover a alfabetização digital e criar infraestruturas públicas de dados interoperáveis é fundamental para garantir a inovação aberta e sustentável. Com uma população mais preparada para interagir com sistemas inteligentes e com dados mais acessíveis e confiáveis, torna-se possível acelerar o desenvolvimento de áreas importantes como a saúde, a agricultura e a transição energética e climática.
Vale lembrar ainda que o país possui um diferencial relevante na corrida por uma infraestrutura digital sustentável: nossa matriz energética majoritariamente renovável permite a instalação de data centers verdes, com menor pegada de carbono – uma vantagem em um cenário de pressão regulatória e demanda por soluções sustentáveis.
Em tempos de urgência climática e geopolítica, automatização massiva e aceleração tecnológica, parece difícil imaginar uma alternativa melhor do que a escolha binária entre aceitar os riscos (de homogeneização cultural, potencialização de desigualdades e degradação ambiental) ou ficar para trás e sem aproveitar os benefícios dessa revolução tecnológica. Mas é neste momento que mais precisamos parar para refletir e começar a trilhar um caminho melhor, que direcione a tecnologia para a vida, alavanque nossos maiores diferenciais estratégicos e alinhe inovação tecnológica de ponta e sustentabilidade planetária.
Notas
1 Jinpeng, H. Working together: prioritizing education development and transformation for a better future. January 15, 2025. Disponível em: https://www.unesco.org/sdg4education2030/en/articles/working-together-prioritizing-education-development-and-transformation-better-future. Acesso em: 10 jul. 2025.
2 Globalen, L. L. C. China: Tertiary school enrollment – data, chart. TheGlobalEconomy.com.
3 Globalen, L. L. C. Brazil: Tertiary school enrollment – data, chart. TheGlobalEconomy.com.
4 Aguirre-Gutiérrez, J. et al. Functional susceptibility of tropical forests to climate change. Nature Ecology & Evolution, n. 6, p. 878-889, May 16, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1038/s41559-022-01747-6. Acesso em: 12 jul. 2025.
5 Wan, Y. & Chang, K.-W. White men lead, black women help? Benchmarking and mitigating language agency social biases in LLMs. 2024. Disponível em: https://arxiv.org/abs/2404.10508. Acesso em: 10 jul. 2025.
6 Zhao, J.; Ding, Y.; Jia, C., Wang, Y. & Qian, Z. Gender bias in large language models across multiple languages. 2024. Disponível em: https://arxiv.org/abs/2403.00277. Acesso em: 10 jul. 2025.
7 UCL. Gender bias revealed in AI tools screening for liver disease. UCL News, July 11, 2022. Disponível em: https://www.ucl.ac.uk/news/2022/jul/gender-bias-revealed-ai-tools-screening-liver-disease. Acesso em: 12 jul. 2025.
8 Jarvis Thomson, J. The trolley problem. The Yale Law Journal, v. 94, p. 1.395-1.415, 1985.
9 Saubestre, S; Yong, J. All Aboard: the ethics of campus AI and higher education’s new trolley problem. New America, June 5, 2025. Disponível em: http://newamerica.org/oti/briefs/new-trolley-problem/. Acesso em: 10 jul. 2025.
10 Schuck, S. Natura usa drones com IA para mapear biodiversidade da Amazônia em tempo recorde. Exame, 2 abr. 2025. Disponível em: https://exame.com/esg/natura-usa-drones-com-ia-para-mapear-biodiversidade-da-amazonia-em-tempo-recorde/. Acesso em: 12 jul. 2025.
11 Ipea – Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade. Emissões de CO₂ associadas a incêndios florestais aumentaram 60% no mundo entre 2001 e 2023. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/cts/pt/central-de-conteudo/noticias/noticias/455-emissoes-de-co-associadas-a-incendios-florestais-aumentaram-60-no-mundo-entre-2001-e-2023. Acesso em: 12 jul. 2025.
12 Nunes, K. et al. Admixture’s impact on Brazilian population evolution and health. Science, v. 388, n. 6.748, May 15, 2025. DOI: 10.1126/science.adl3564.
13 Araújo, D. C. et al. Unlocking the complete blood count as a risk stratification tool for breast cancer using machine learning: a large scale retrospective study. Scientific Reports, v. 14, n. 10.841, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1038/s41598-024-61215-y. Acesso em: 14 jul. 2025.
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