Meio ambiente

Mapeamento proativo para gerenciar desastres

O ESA Hub projeta um modelo de resposta preventiva de gerenciamento de desastres para proteger pessoas da destruição climática no Zimbábue

Por Andrew Mambondiyani

Crédito: imagem de vídeo do Open Mapping Hub – Eastern and Southern Africa (ESA)

E m março de 2019, o ciclone Idai devastou o Zimbábue, matando centenas de pessoas e causando enorme destruição. Os dados do Índice de Risco Global Inform mostram que o país africano é altamente vulnerável a eventos climáticos extremos, como inundações, ciclones e secas, que por sua vez arrasam a infraestrutura, deslocam pessoas e resultam em perda de vidas e meios de subsistência.

Eventos como o Idai expuseram as deficiências do sistema tradicional de gerenciamento de desastres do Zimbábue, que foi concebido para responder a desastres ambientais, fornecendo alívio e reabilitação de infraestrutura e comunidades. Depois do ciclone, uma equipe de pesquisadores de mudanças climáticas de três universidades locais e da ONG local DanChurchAid (DCA) concluiu que o país deve adotar uma abordagem mais proativa, estabelecendo um sistema de alerta precoce para se preparar e, assim, evitar danos significativos e mortes.

Em resposta a essas descobertas, o Open Mapping Hub – África Oriental e Austral (ESA Hub) – lançou, em 2022, um programa para desenvolver uma abordagem de resposta preventiva. O ESA Hub é uma ONG regional com sede no Quênia criada pela Humanitarian OpenStreetMap Team (HOT), organização internacional sem fins lucrativos que usa tecnologia de mapeamento aberto para reduzir o risco de desastres ambientais. 

Um dos quatro hubs globais do HOT e o primeiro na África, o ESA Hub foi criado em 2021 para facilitar a agregação, utilização e disseminação de dados de mapeamento aberto de alta qualidade em 23 países da África Oriental e Austral. A especialista em código aberto Monica Nthiga está à frente de um grupo de 13 especialistas, que colabora com organizações comunitárias e humanitárias, governos e agências da ONU para atender às suas necessidades específicas de mapeamento preventivo.

“O projeto do ESA Hub demonstra como o mapeamento pode melhorar a preparação para desastres e o planejamento de resiliência”, diz Wilson Munyaradzi, gerente de serviços de desastres da ONG.

Ferramentas e fluxos de trabalho de mapeamento aberto permitem que o hub colete dados geoespaciais para serem armazenados, editados e revisados a fim de garantir sua qualidade antes de compartilhá-los com seus parceiros. “Os dados geoespaciais têm o potencial de identificar as principais características da paisagem que podem ajudar a preparação prévia a desastres e para que métodos de mitigação sejam implementados, protegendo vidas e meios de subsistência”, diz Munyaradzi.

Entre 2022 e 2023, o ESA Hub testou seu programa de resposta preventiva em Muzarabani, um distrito propenso a desastres no norte do país. O teste funcionou em colaboração com a Caritas Zimbábue, uma organização católica sem fins lucrativos voltada para o bem-estar social. A meta era coletar dados geoespaciais mais precisos e detalhados das características da terra para informar as decisões operacionais da Caritas, como tomar “melhores decisões sobre o planejamento de rotas de evacuação em áreas de alto risco”, explica Munyaradzi.

A urgência do trabalho do centro no estabelecimento de estratégias preventivas na gestão de riscos de desastres não pode ser subestimada, diz o especialista em mudanças climáticas Christopher Ihinegbu.

“O gerenciamento preventivo de desastres apresenta a oportunidade de abordar as vulnerabilidades ocultas das pessoas e a exposição desproporcional a desastres antes que eles ocorram”, diz Ihinegbu. “Em outras palavras, salva vidas, protege propriedades e investimentos e promove o bem-estar público.” 

O AUTOR

Andrew Mambondiyani é jornalista no Zimbábue e cobre mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável e meio ambiente.

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