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Filantropia e impacto no Sudeste Asiático

Criada em 2015 como uma plataforma colaborativa, o Asian Philanthropy Circle se dedica a elevar a prática filantrópica e a promover colaborações para maximizar o impacto social na região

Por Veronica Deviá

 

Laurence Lien, cofundador e presidente do Asia Philanthropy Circle, lidera uma das maiores organizações da Ásia. Criada em 2015 como uma plataforma colaborativa para filantropos do continente, atualmente conta com cerca de 60 membros, principalmente do Sudeste Asiático e se dedica a elevar a prática filantrópica e a promover colaborações para maximizar o impacto social dos desafios da região.

 

Como começou o Asian Philanthropy Circle?

Começamos com apenas cerca de 20 membros, há quase uma década. Eu já tinha experiência na Fundação Lien, da minha família, na qual estou envolvido há 20 anos, mas quando fui CEO da National Volunteer and Philanthropy Center, de 2008 a 2014, elevei o trabalho para um novo patamar. Em 2015, sentíamos que havia muitos filantropos na região tentando aumentar seu impacto, mas que atuavam de formas muito fragmentadas, sem escala, e muitas vezes cometendo os mesmos erros. Assim se formou o grupo.

É interessante notar que  na Ásia  há muito sendo feito, mas os filantropos e fundações tendem a ser bastante discretos sobre isso. Isso em parte é cultural, mas também tem a ver com certa desconfiança do governo. Muitos só querem poder fazer o trabalho sem interferência, mas isso acaba impedindo o compartilhamento das melhores práticas. Há muitas grandes organizações atuando, embora sejam completamente desconhecidas em outros países.

Como o Asian Philanthropy Circle atua na prática?

Temos cerca de 60 membros de 12 países diferentes e, claro, com atuações em diferentes áreas, então acabamos nos unindo dentro de interesses comuns. Além de trazer especialistas, também encontramos força dentro da nossa própria rede, já que muitos dos nossos membros têm grande experiência dentro de organizações filantrópicas — sejam familiares ou corporativas.

Na prática, temos pontos de contato em questões comuns, até dentro da mesma geografia, porque uma parte importante do trabalho da filantropia ainda é local. Esse é o ponto de partida, mas há o aprendizado e a inspiração cruzada de testemunhar a excelente atuação dos demais, motivando todos a seguir e a reproduzir em suas próprias realidades.

Também nos concentramos bastante em colaboração. Atualmente temos pelo menos dez projetos compartilhados entre nossos membros.

A troca entre os associados acontece de diferentes maneiras: às vezes iniciamos programas, uma nova organização sem fins lucrativos que se dedica a uma determinada lacuna nos territórios ou a áreas de interesse em que estamos trabalhando. Às vezes adotamos uma abordagem baseada no local onde membros estejam atuando, mas de forma conjunta para mais sinergia e coordenação, unindo os pontos fortes de uns e de outros. Também ocorrem cofinanciamentos de iniciativas já existentes, na tentativa de ajudá-las a crescer.

Por fim, também estamos trabalhando nosso ecossistema, porque buscamos produzir conhecimento e criar novos insights para informar não apenas nossos membros, mas o campo como um todo.

Quais são os países onde vocês estão presentes e quais são as principais áreas de atuação?

Estamos particularmente focados no Sudeste Asiático, com membros ativos em Singapura, na Malásia, na Indonésia, nas Filipinas, na Tailândia, no Vietnã, na China, em Hong Kong e até Mianmar, embora a situação esteja difícil lá no momento.

A maior parte das atuações nesses países estão ligadas a educação, saúde e proteção de comunidades vulneráveis, num amplo sentido, que vai desde refugiados a trabalhadores migrantes ou minorias perseguidas.

Nos últimos anos, a área que mais cresceu foi a de combate às mudanças climáticas. Quando começamos, há nove anos, eram poucos os membros envolvidos nesse tema. Atualmente, o aprendizado conjunto e a troca de conhecimentos nesse campo tornou-se essencial. Quando falamos de um problema de tal magnitude e complexidade, a percepção de que se pode fazer a diferença sozinho é uma barreira de entrada, algo que afasta as organizações. Agora, quando você percebe que há outras organizações trabalhando nisso, há uma motivação para unir esforços.

Na sua visão, qual é o maior valor do Asian Philanthropy Circle?

Nós crescemos com nossos membros e com a colaboração dentro do grupo. Nossa próxima fase será trabalhar com parceiros globais interessados na Ásia, então estamos iniciando conversas em áreas como a de combate às mudanças climáticas. Trata-se de um problema global, mas com financiadores e parceiros globais interessados no Sudeste Asiático em lugares como Indonésia, Filipinas, Vietnã, onde há muito trabalho a ser feito. Queremos que, juntos, nossos membros trabalhem com esses parceiros globais e tentem ampliar a escala de suas atuações em todo o ecossistema.

Para nós, impacto significa os membros do Asian Philanthropy Circle sentirem que cresceram em trabalho, conhecimento e prática. Queremos ser testemunhas tanto da quantidade quanto da qualidade do impacto – e por quantidade entendemos mais recursos, mas capazes de causar cada vez mais impacto no tempo.

Entrar para o Asian Philanthropy Circle não depende de critérios rígidos, nem temos um teto de membros. Para nós, o mais importante são os valores orientados ao crescimento do impacto social, que é a chave da nossa filantropia. Buscamos mentalidades colaborativa e, por fim, tempo para se engajar de verdade.

 

Laurence Lien

Laurence Lien, co-fundador e presidente do Asian Philanthropy Circle, lidera uma das maiores organizações do continente asiático. Criada em 2015 como uma plataforma colaborativa para filantropos da Ásia, atualmente conta com cerca de 60 membros, principalmente do Sudeste Asiático e se dedica a elevar a prática filantrópica e a promover colaborações para maximizar o impacto social dos desafios da região.

 



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