Filantropia e financiamento

Combate à desigualdade de gênero na filantropia

The Giving List Women acredita que combater a desigualdade de gênero investindo em mulheres e meninas ajuda toda a sociedade a prosperar

Por Marianne Dhenin

desigualdade de gênero

M enos de 2% das doações filantrópicas nos Estados Unidos vão para programas focados no apoio a mulheres e meninas. Alguns filantropos se comprometeram a mudar isso, incluindo Melinda French Gates e a Women Moving Millions, coalizão de mulheres que assumiram o compromisso de doar, cada uma, ao menos US$ 1 milhão ao longo da vida. 

“Quando você doa para mulheres e meninas, os impactos são muito mais profundos e fortes do que as pessoas imaginam […] devido ao apoio excepcional que as mulheres dão a suas comunidades”, diz Stacey Keare, presidente do conselho da Women Moving Millions. Pesquisas mostram que investir em mulheres tem um efeito multiplicador porque elas tendem a desempenhar papéis centrais em suas comunidades e, quando bem-sucedidas, amparam as pessoas a seu redor.

Para ajudar a direcionar mais fundos para mulheres, em 2022 o Montecito Journal Media Group criou o The Giving List Women. Keare decidiu-se pela iniciativa em 2021, depois de receber um exemplar do livro The Giving List San Francisco. Reconhecendo o potencial de uma parceria frutífera, ela contatou Gwyn Lurie, CEO e editora executiva do Montecito Journal Media Group, que produziu o guia de San Francisco, para discutir a formação de um grupo que encabeçasse a publicação de um manual filantrópico dedicado a mulheres e meninas.

“Até o momento, as pessoas realmente pensaram nas mulheres e meninas como um nicho específico, não como uma lente pela qual podemos ver todas as categorias filantrópicas”, diz Lurie, que atua como CEO da Giving List Women. “Essa é a mudança que estamos tentando provocar.”

O grupo trabalha com três estratégias programáticas: uma narrativa poderosa, produzida com o livro The Giving List Women; um encontro anual de líderes filantrópicas; e um seminário de treinamento de liderança sem fins lucrativos.

A edição de 2024 do The Giving List Women destaca 67 instituições filantrópicas de todo o mundo dedicadas à equidade de gênero, ao fim da violência de gênero e ao aumento das doações para organizações focadas em mulheres e meninas. A publicação está organizada em dez capítulos, intercalados por ilustrações e entrevistas com figuras proeminentes. Entre elas está a jurista Kimberlé Crenshaw, que explica por que a interseccionalidade é fundamental para alcançar a igualdade racial.

Parceiros da iniciativa, incluindo o Women Moving Millions, doaram US$ 25 mil para financiar a impressão e a distribuição de 175 mil cópias para círculos de doação, gestores de fundos filantrópicos e conselhos de milhares de organizações do país dedicadas a mulheres e meninas.

Em abril de 2024, o The Giving List Women realizou sua cúpula inaugural para celebrar a publicação e criar oportunidades de networking para parceiros, organizações, filantropos e apoiadores. A líder filantrópica Ginger Salazar diz que o encontro revolucionou sua maneira de enxergar as doações. “Saí com maior consciência sobre alguns dos problemas enfrentados por mulheres e meninas, como essas problemáticas são subfinanciadas e o poder de investir nas mulheres, do ponto de vista do impacto”, diz ela.

Lurie diz que a equipe do The Giving List Women está ansiosa para aproveitar o sucesso e continuar a “apresentar aos doadores a justificativa fundamentada na realidade para que apliquem a perspectiva de gênero às suas doações”. Já foram abertas as inscrições para que as organizações solicitem sua inclusão na publicação de 2025. 

 

A AUTORA

Marianne Dhenin é jornalista e historiadora premiada. Encontre seu portfólio e entre em contato em mariannedhenin.com.

 

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*Artigo publicado originalmente na edição 11 da SSIR Brasilleia aqui a edição completa

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