Jardins contra a ansiedade climática 

A Garden for Wildlife convida universitários a projetar e plantar jardins para criar um futuro mais verde

Julia Swanson, estudante da Universidade George Washington (GWU), em Washington, DC, ficou com os braços cobertos de terra no parque Piscataway em abril de 2024, plantando um jardim que ela e seus colegas haviam projetado como parte do Wild Visions Habitat Creation Challenge. O projeto convidou estudantes da região metropolitana da cidade a desenhar e plantar jardins usando mudas nativas.

“Foi um convite para que os estudantes imaginassem um mundo mais verde e uma resposta ambiciosa e comunitária ao colapso da biodiversidade, e depois encontrassem um pedaço de terra e colocassem em prática sua visão”, diz Rosalie Bull, responsável pelo engajamento estudantil na Garden for Wildlife e idealizadora do projeto Wild Visions.

A Garden for Wildlife é uma empresa de comércio eletrônico com fins lucrativos derivada da organização sem fins lucrativos National Wildlife Federation (NWF). Fundada em 2021, a empresa vende coleções selecionadas de plantas nativas e oferece manuais de plantio, alinhando o crescente mercado de jardinagem doméstica à missão de conservação da NWF. A cada planta vendida, a empresa doa uma planta para um projeto comunitário. O Wild Visions expandiu essa iniciativa de doações para faculdades.

O projeto foi criado em 2023 para dar aos estudantes o controle sobre um pedaço do mundo e incentivá-los a moldá-lo de acordo com sua imaginação, como forma de aliviar a ansiedade climática. Cerca de 70% dos jovens da Geração Z entrevistados em uma pesquisa do Pew Research Center de 2021 disseram sentir ansiedade em relação ao futuro, e a crise climática tem sido uma das principais preocupações dos jovens nas eleições recentes.

“Acredito que todas as pessoas da nossa geração sentem uma mistura de impotência e angústia, porque as mudanças climáticas são algo assustador e avassalador”, diz Swanson, que participou do Wild Visions como membro do grupo de Estudantes pelos Direitos dos Povos Indígenas e Nativo-Americanos (Sinar, na sigla em inglês) da GWU. “Fazer essa pequena ação foi como recuperar um senso de autonomia, como se nós, enquanto indivíduos, realmente pudéssemos fazer a diferença.”

Após mais de um ano de planejamento, 14 grupos de estudantes, incluindo o Sinar, plantaram seus jardins na região metropolitana de Washington em abril de 2024. Ao todo, os jardins – agora mantidos por organizações parceiras locais – oferecem 560 metros quadrados de novos habitats para a vida selvagem com 2 mil mudas nativas, além de proporcionar aos moradores urbanos espaços verdes para se refrescarem e se reconectarem com a natureza.

O Wild Visions culminou em uma festa ao ar livre e uma cerimônia de premiação organizada pela Garden for Wildlife. O Sinar ganhou um prêmio de paisagismo por seu jardim em formato de tartaruga, com flores como margaridas-de-olho-preto, dedaleiras e solidagos. O jardim foi inspirado na bandeira do povo indígena Piscataway e foi nomeado Wawpaney, palavra que significa “amanhecer” ou “aurora” em nanticoke, idioma falado por esse povo.